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Índios yanomami são contra projeto de mineração nas terras indígenas

Folha de Boa Vista
26 de Set de 2007

Índios yanomami são contra projeto de mineração nas terras indígenas

O líder yanomami Davi Kopenawa é direto quando questionado sobre o projeto de lei que pretende autorizar a exploração de terras indígenas por mineradoras. Uma das áreas mais cobiçadas por essas empresas é justamente a terra indígena Yanomami, ao Norte de Roraima, homologada em 25 de maio de 1992. A área é rica em ouro e outros minérios.

Kopenawa disse que seu povo está revoltado e com muito medo. A preocupação diz respeito ao desconhecimento do projeto de lei por parte dos yanomami. "Nunca fomos procurados para conversar sobre esse projeto. Para nós, ele é perigoso. Vai trazer muitas doenças, brigas e violência", afirmou.

O projeto de lei, redigido pelos ministérios da Justiça e das Minas e Energia e pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), prevê a abertura de todas as terras indígenas para a exploração das mineradoras. As empresas pagariam royalties sobre o faturamento para as comunidades.

Apesar disso, a liderança yanomami afirmou que a mineração não vai trazer nenhum benefício para seu povo. Pelo contrário. "Para nós, esse projeto só vai trazer bandido e ladrão para o nosso meio. E se bandido e ladrão fazem mal para o povo da cidade, também fazem mal para o povo indígena. A mineração vai destruir a natureza e o meio ambiente, matar os peixes, poluir nossos igarapés e sujar os rios", disse.

A Amazônia é a região mais cobiçada pelas mineradoras. Em 2005, uma pesquisa do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), organização não-governamental de defesa dos direitos indígenas, apontava 4.821 processos pedindo pesquisa e lavra na região, feitos por 367 pessoas e empresas, como Odebrecht, Vale do Rio Doce, C. R. Almeida e Anglogold Ashanti. Os pedidos abrangem 123 terras indígenas.

Davi Kopenawa frisou que não existe alternativa para esse projeto de lei. "Não queremos brancos na nossa terra. Ela já foi reconhecida por lei e está homologada. Nós queremos que o governo Lula nos respeite e respeite a nossa terra demarcada".

Caso o projeto seja aprovado, segundo ele, a mineração vai matar seu povo. "O presidente Lula precisa explicar para os povos indígenas as condições desse projeto, precisamos ouvir o que vai ser colocado nessa lei. Mas acredito que o presidente não vai assinar esse documento", declara.

A exploração mineral em terras indígenas está prevista na Constituição de 1988, mas depende de uma regulamentação para acontecer.

Folha de Boa Vista, 26/09/2007

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