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Índios Tukano negam contato com as Farc

Amazonas em Tempo-Manaus-AM
19 de Nov de 2003

Os índios Tukano do Alto Rio Negro não têm qualquer contato com os guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), como tem sido noticiado por agências internacionais de notícias. A informação foi transmitida ontem pelo líder indígena Álvaro Tukano, em visita ao senador Gilberto Mestrinho (PMDB), a quem convidou para participar do encontro de indígenas do país a se realizar no período de 27 e 28 deste mês na Câmara dos Deputados.

Álvaro Tukano disse que as comunidades indígenas do Alto Rio Negro têm se mostrado arredias a qualquer tipo de diálogo com "forasteiros e bandoleiros", mas que elas não se negam a contatos com a população branca "do outro lado da fronteira", na Colômbia.

O líder indígena, no entanto, indicou que os contatos dos índios da região com a população branca, "seja ela brasileira ou colombiana se manifestam na troca de informações ou no comércio entre si", sem qualquer compromisso que não seja um simples diálogo, "muito comum entre nós e os brancos do outro lado da fronteira".

Meses atrás a agência de notícias Reuter noticiou que indígenas do Alto Rio Negro, principalmente os de malocas localizadas na região da Cabeça do Cachorro, em Iauretê, estariam sendo arregimentados pelas Farc para integrarem a guerrilha colombiana. "Isso não é verdade, não temos tido qualquer contato com tais guerrilheiros, até porque não cruzamos com nenhum deles, e nem sabemos se eles invadem ou não o território brasileiro", disse Álvaro Tukano.

Diálogo nulo

Gilberto Mestrinho e Tukano trocaram idéias a respeito de projetos comunitários para a região do Alto Rio Negro, que beneficiem as comunidades indígenas da região. Álvaro Tukano lamentou que a região esteja desprotegida da presença do governo federal, e elogiou o Exército Brasileiro, para ele o único elo que os indígenas têm com a vida brasileira.

Ele também observou que quando era governador, Gilberto Mestrinho atendia as reivindicações dos índios do rio Negro, ao mesmo tempo em que lamentou que o diálogo com as autoridades brasileiras "seja difícil ou quase nulo".

A população indígena do Alto Rio Negro é uma das maiores do país, com mais de 20 mil indígenas, rivalizando-se com as dos Tikuna, no Alto Solimões. A região é tida como uma das mais ricas em minérios, principalmente ouro e cassiterita. Antes, era visitada por levas de garimpeiros que foram expulsos pelos índios; agora, dizem as agências de notícias do exterior, tem sido palco da presença dos guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

No início de outubro, a Polícia Federal com auxílio da Força Aérea Brasileira (FAB) destruiu uma pista de pouso clandestina de 1.800 metros na região da Cabeça do Cachorro, que estaria sendo utilizada por aviões dos narcotraficantes colombianos.

Álvaro Tukano negou também que o espaço aéreo na região esteja sendo invadido por aeronaves. "Avião só vemos os da FAB", contou o líder tukano.

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