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Índios trocam cesta básica por pinga

Correio do Estado-Campo Grande-MS
13 de Mai de 2002

Famílias indígenas beneficiadas pelo Programa de Segurança Alimentar do Governo Estadual estão vendendo as cestas básicas em troca em bebida. A denúncia é do próprio Governo do Estado que pretende agora investir em programas de conscientização para impedir que a miséria cresça ainda mais nas aldeias.

A coordenação do Segurança Alimentar detectou esta triste realidade nas aldeias de Dourados e passou a realizar trabalho de conscientização das famílias com a presença diária de assistentes sociais nas aldeias. "A situação é grave, gravíssima, a miséria é extrema, não há perspectiva de futuro porque a Funai está ausente e os problemas sociais já estão infelizmente, incorporados à cultura", relatou o coordenador do Programa de Segurança Alimentar, Neriberto Pamplona.

As cestas com 30 quilos de alimentos distribuídas mensalmente nas aldeias Bororo, Jaguapiru e Panambizinho e aos desaldeados em Dourados beneficiam 1.853 famílias. Pamplona esclareceu que após a implantação do programa nas aldeias, a prioridade agora é trabalhar com as famílias para impedir a venda dessas cestas de alimentos. O trabalho conta com o apoio da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

A união entre Estado e a Funasa, segundo Pamplona, começa a dar seus primeiros resultados, mas a inversão do quadro é gradativa porque algumas situações, como o comércio de bebida, não têm controle dentro das reservas. No dia da distribuição das cestas, a Funasa desenvolve ações preventivas, como a vacinação e a triagem das famílias é feita através da checagem da documentação.

Dados da Funasa e do IBGE indicam que a mortalidade infantil nas aldeias de Dourados, por exemplo, reduziu no último ano em função da distribuição das cestas de alimentos pelo Governo Estadual.

Ainda como parte do programa de combate à fome, o Governo do Estado, através do Idaterra, desenvolve vários projetos na comunidade, como a criação de animais, aves e piscicultura, com o apoio da Prefeitura de Dourados. O trabalho desenvolvido em aldeias de Dourados faz parte das ações concretas garantidas com a destinação de R$ 200 mil mensais através do Fundo de Investimento Social (FIS). A administração estadual atende a mais de 80 mil famílias, entre brancos e índios, situadas abaixo da linha de pobreza. No entanto, o Governo admite que o maior problema dos indígenas ainda é a demarcação das reservas, o que é dever do Governo federal.

Além do incentivo à produção agrícola e artesanal e o acesso ao esporte e lazer, à alfabetização e à qualificação profissional o Estado distribui cestas de alimentação para 10.924 famílias indígenas, de 81 aldeias.

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