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Índios transformam 47 palmiteiros em reféns

Diário de Cuiabá-MT
Autor: MARCIA OLIVEIRA
17 de Jan de 2002

Grupo só foi liberado após a intervenção de policiais federais e agentes da Funai

Índios da reserva indígena Zoró, localizada entre os territórios de Mato Grosso e Rondônia, apreenderam equipamentos e armas e fizeram reféns 47 pessoas que extraíam palmitos ilegalmente na área. Alguns dos palmiteiros chegaram a ficar até cinco dias amarrados em poder dos índios. Porém, depois de negociações entre a funcionários da Fundação Estadual do Índio (Funai) e Polícia Federal, todos foram liberados ontem.

Segundo o delegado da PF em Ji-Paraná (RO), César Martinez, que indiciou e liberou todos os palmiteiros, eles foram contratados por um "gato" - aliciador de mão de obra barata - que estaria em Santa Catarina e deve ser preso nos próximos dias. Com os índios ficou toda a extração de palmitos feita nos cerca de 8 dias em o grupo trabalhou, aproximadamente cinco mil quilos limpos, um jipe Toyota, motosserras e armas. "Para retirarmos os homens de lá foi difícil, tivemos que negociar. Os índios não queriam ceder e só o fizeram depois de estabelecer que ficariam com um dos carros, todos os equipamentos e a produção. O palmito não pode ser extraído para comercialização nem pelos índios. É ilegal. Porém, com toda essa quantia provavelmente eles venderão", disse Martinez.

Todas as pessoas que foram presas moram na região, segundo o delegado. E 80% delas não tinham identidade e o grau de escolaridade máximo é o primeiro grau. Eles contaram em depoimentos que recebem R$ 0,45 pela extração de um vidro de palmito. "Nesses casos eles geralmente são lesados porque não têm como fiscalizar, o trabalho é ilegal. E segundo disseram, o palmito é levado para ser embalado no município de Pimenta Bueno, numa industria chamada Sauara. Mas todos esses dados teremos que checar nas investigações", informou Martinez.

Parte da reserva indígena Zoró, que tem 344,7 mil hectares, fica no município de Rondolândia, a 1.310 quilômetros de Cuiabá, e em Ji-Paraná. Nela vivem 280 índios. Segundo Martinez, a atividade extrativista ilegal em reservas da região é um problema que só será resolvido com decisões políticas. "Aqui é comum a retirada de madeira, de diamante e de outros produtos naturais para o comércio. E como aqui não tem fazendas, é na extração que o povo trabalha. Os palmitos, por exemplo, não sabemos se é para o mercado interno, mas temos informação que o Brasil é um dos maiores exportadores do mundo", disse.

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