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Índios terão universidade pioneira

A Crítica (Manaus-AM)
08 de Jan de 2002

O Estado do Amazonas terá a primeira Universidade Indígena do País. A informação foi divulgada ontem, ao ser apresentado oficialmente o programa da instituição pela Fundação Estadual de Política Indigenista. A notícia foi confirmada também pela Agência de Comunicação do Governo do Amazonas. "Será uma escola essencialmente voltada para a cultura dos índios", traduziu o porta-voz do Governo, Jefferson Coronel.

A Universidade Indígena, que adotará o nome de Centro de Estudos Superiores Indígenas, começará a funcionar a partir do segundo semestre deste ano e oferecerá inicialmente 400 vagas nos cursos de Licenciaturas Plenas em Ciências Matemáticas e da Natureza; em Ciências Humanas, e em Linguagens, Artes e Literatura.

A instituição de ensino superior dos índios fará parte do complexo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e terá instalações físicas em Manaus e em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus), na região do Alto Rio Negro.

Segundo o presidente da Fundação Estadual de Política Indigenista, antropólogo Ademir Ramos, 45, a Universidade Indígena terá uma missão educacional determinante em seu primeiro ano de funcionamento: a de preparar os professores indígenas amazonenses de 5ª a 8ª séries e os do ensino médio.

As primeiras vagas de licenciaturas vão atender exclusivamente a 400 dos 700 professores indígenas existentes no Estado.

Possivelmente a partir deste ano, a universidade contará com mais três cursos: Farmacologia Indígena, Lingüística e Antropologia.

Efetivamente, a Universidade Indígena do Amazonas será a primeira do País. Mas pelo menos uma experiência no campo do ensino superior já foi iniciada no ano passado por duas universidades de Mato Grosso, com três cursos diferentes para índios em suas grades curriculares, tendo o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Não se trata ainda, segundo Ademir Ramos, de uma universidade.

Para que efetivamente a universidade seja expressão dos anseios e da cultura dos índios, o projeto vem sendo exaustivamente discutido com as comunidades. No próximo dia 20, por exemplo, ele vai ser discutido com o Movimento dos Estudantes Indígenas, em Manaus.

"A universidade que o governador Amazonino Mendes está criando tem toda a estrutura da universidade em seu caráter de ensino, pesquisa e extensão", diz o antropólogo Ademir Ramos, acrescentando que a instituição é uma perspectiva nova para as organizações e lideranças indígenas no que diz respeito à sua autonomia. Em verdade, raciocina o antropólogo, a Universidade Indígena vai formar inteligência e capacitar as lideranças para intervir na sociedade em defesa de seus direitos.

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