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Índios terão professores bilíngües

Em Tempo
Autor: Sídia Ambrósio
16 de Mai de 2007

O prefeito Serafim Corrêa (PSB) empossou ontem 12 primeiros professores indígenas bilíngües que irão atuar em comunidades indígenas da zona urbana e rural da capital amazonense. A posse ocorreu em solenidade realizada no auditório da Secretaria Municipal de Educação (Semed).

Segundo o prefeito Serafim Corrêa, a administração municipal está fazendo o resgate das demandas sociais na medida do possível. "Estamos fazendo a nossa parte, conscientes de que este é o nosso dever", disse, reafirmando o compromisso da sua administração com os povos indígenas. "Para quem não tinha nenhum, 12 já é um bom número. Esse é o primeiro passo que a prefeitura dá em direção a educação indígena", enfatizou.

De acordo com o secretário municipal de Educação, José Dantas Cyrino Júnior, as etnias precisam de educação diferenciada que preservem a cultura nativa. "Agora serão seis escolas que passarão de regulares para indígenas e 734 alunos de educação infantil, ensino fundamental e de Educação de Jovens e Adultos (EJA) que serão atendidos pelos próprios professores que eles próprios indicaram", contou ele. Os professores contratados irão atender 171 alunos de educação infantil, 230 de 1ª a 4ª série e 333 da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Cyrino Júnior explicou que Manaus é a primeira cidade no país a trabalhar a educação diferenciada dos índios urbanos. As primeiras comunidades a serem beneficiadas serão São Tomé (etnia Baré) no Rio Negro, Terra Preta (Baré) no Rio Negro, Comunidade das Mulheres do Alto Rio Negro (Tariano), Nova Canaã (Baré) no Rio Cuieiras, Barreirinha (Baré) no Rio Cuieiras, Boa Esperança (Baré), Nova Esperança (Baré), Três Unidos (Kambeba) no Rio Cuieiras, Igarapé Açu (Baré) no Paraná do Anavilhanas, Comunidade Wotchimaucu (Tikuna) no bairro Cidade de Deus, Comunidade Kokama no Ramal do Brasileirinho, Comunidade Sateré-Mawé no conjunto Santos Dumont.

Além de receberem formação pedagógica no decorrer do desempenho de suas funções, os 12 professores foram indicados por cada uma das comunidades e atendem aos pré-requisitos (ser bilíngüe e com formação no ensino médio) exigidos pela Semed, para compor o quadro de professores indígenas.

De acordo com o secretário, todos os professores serão remunerados igualitariamente aos demais servidores da Semed. "Todos os professores vão ser remunerados igualmente aos demais servidores (R$ 750,00). Também vamos viabilizar a carreira do professor indígena para que seja inclusa na realização do concurso", antecipou o secretário, respondendo a reivindicação do presidente do Conselho de Professores Indígenas do Amazonas (Copiam), Telmo Paulino.

Conforme informou a chefe do núcleo de Educação Escolar Indígena do município, Leonízia Santiago de Albuquerque, os professores irão atuar nas escolas das comunidades nos municípios onde já existem escolas e nos centros culturais e igrejas onde ainda não existem escolas, até que a prefeitura viabilize a construção das mesmas.

A contração dos novos professores também significa um grande avanço para a rede municipal de ensino, haja vista que só existiam dois professores bilíngües trabalhando com as etnias, segundo revelam.

Professores

A chegada do aprendizado veio em boa hora, segundo declarou o professor da etnia Baré, Sixto Menezes da Silva. "Temos muita criança, jovens e adultos na comunidade. Lá existem 17 crianças matriculadas e o ensino veio em boa hora", contou o professor, que foi indicado pela comunidade Boa Esperança, onde as aulas devem iniciar até o final do mês.

Para o guerreiro Baré, Jonas Bruno Aleixo, que era um dos dois professores existentes na rede municipal, o aprendizado vai ser muito proveitoso para os 98 alunos matriculados na comunidade Terra Preta. Desses, 45 são crianças. "Acho essa iniciativa da prefeitura muito boa, pois a maioria das nossas crianças está ociosa. A maioria das pessoas entende, mas não fala as duas línguas. Por isso vamos trabalhar muito essa questão", contou o professor, que leciona há dez anos para as comunidades indígenas urbanas.

Transição

Os professores índios contratados vão passar um ano em fase de transição nas comunidades, que hoje funcionam apenas com o ensino regular, conforme informou Leonízia Santiago.
Segundo ela, são as etnias que irão definir o plano pedagógico de cada comunidade. "São as comunidades que determinar o que é mais importante a ser estudado. Os professores vão trabalhar em cima da perspectiva do ensino diferenciado, sempre dentro dos critérios da etnia porque, além da educação indígena diferenciada, os indígenas também irão aprender os assuntos do ensino regular", explicou.

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