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Índios terão cursos profissionalizantes

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: EDUARDO GOMES
28 de Fev de 2003

Povos indígenas de Mato Grosso serão beneficiados por cursos profissionalizantes do programa Qualificar. Essa foi a decisão, tomada ontem, pela secretária de Trabalho, Emprego e Cidadania (Setec), Terezinha Maggi, numa reunião em seu gabinete com lideranças de etnias dos vales do rio Xingu e dos Peixes.

À princípio, o Qualificar ministrará cursos de piscicultura, fruticultura, cafeicultura orgânica, serigrafia, computação básica e corte e costura, em atendimento à reivindicação dos líderes dos cinco mil índios das etnias Munduruku, Kaiapó, Panará, Apaiká-Kaiabi e Caiabi, que vivem em 12 aldeias nas áreas Capoto Jarina, Apaiká-Kaiabi e Mekragnoti.

Terezinha Maggi adiantou que existe dotação específica de R$ 100 mil para ministrar esses cursos, em março e abril. A secretária disse ainda que no dia 6 de março, o governador Blairo Maggi assinará o convênio que permitirá pela primeira vez, a inclusão de índios na clientela do Qualificar em Mato Grosso. O líder da área indígena Capoto Jarina, cacique Raoni, participará dessa solenidade, que acontecerá no Palácio Paiaguás.

Após a realização desses cursos, a Setec programará outros, para serem ministrados ainda neste ano, em aldeias onde os primeiros serão realizados, e em outras que futuramente serão definidas. "Tenho conversado com eles (os índios) por telefone e sei daquilo que eles precisam e querem", comentou Terezinha Maggi. O cacique e administrador executivo da Regional da Funai em Colíder, Megaron Txucarramãe - que participou da reunião - reforçou o comentário da secretária sobre a necessidade de mais cursos. Megaron disse que os povos indígenas têm que conquistar a auto-suficiência em alguns produtos de consumo: "diminuiu a caça e a pesca. As frutas são poucas. O índio usa roupas e calçados, a agora precisa de dinheiro para comprar esses artigos. Por isso o governo tem que ensinar a gente a fazer muitas coisas que não sabemos", argumentou o cacique.

Os índios querem cultivar café orgânico. Recentemente um grupo indígena visitou um cafezal em Machado (MG), à convite do Ministério do Trabalho, para conhecer técnicas de plantio e tratos culturais. "Além do café precisamos plantar frutas. O (cacique) Raoni quer que a gente faça muitos pomares com laranja, manga, goiaba, caqui, acerola e outras frutas", revelou Megaron.

Se alguém não entender a razão para a solicitação de curso de serigrafia em área indígena, o filho do cacique Raoni, Tedje Metuktire tem um forte argumento na ponta da língua. Ele explicou que recentemente índios imprimiram em camisetas as pinturas de alguns de seus rituais, e as levaram numa viagem à Brasília. "Foi um sucesso. Todos querem comprar esse tipo de camiseta", comentou. Daí a necessidade de se implantar um curso para capacitação serigráfica nas aldeias.

A secretária Terezinha Maggi destacou que a capacitação profissional e a geração de empregos receberão atenção especial do governo de Mato Grosso. Disse também, que os povos indígenas estão inseridos nesse contexto, "Respeitando suas culturas, tradições, crenças e autoderminação, para que possam ser atendidos de maneira diferenciada", arrematou.

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