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Índios têm mais prazo para permanecer

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: TIANA BRAZÃO
21 de Out de 2004

Nova contagem de tempo foi feita pela Justiça Federal, e o prazo para cumprir o mandado de reintegração aos arrozeiros foi estendido. Devido ao feriado de terça-feira, 12, dia de Nossa Senhora Aparecida, o prazo para retirada espontânea dos índios acampados próximos às fazendas Mangueira, Mangueira I, Fazendinha, Tatu e Recife, na região da Raposa/Serra do Sol, no Município de Normandia, terão agora até o dia 29, o que descarta qualquer possibilidade de intervenção das polícias Federal e Militar no local para retirada dos indígenas, pelo menos até a próxima sexta-feira.

De acordo com informações da Justiça Federal, mesmo a decisão tendo sido publicada no dia 9, os oficiais de justiça só concluíram as intimações aos lideres indígenas na quarta-feira, 13. Então, somente no dia 19 estas intimações foram juntadas aos autos, o que faz com que os dez dias para retirada espontânea seja contado a partir da data de juntada das intimações aos autos.

Enquanto o prazo se estende por mais dez dias, os indígenas aguardam decisão de um recurso junto ao Tribunal Regional Federal da 1o Região. A União entrou com agravo de instrumento. O Conselho Indígena de Roraima (CIR) deverá recorrer da multa diária de R$ 10 mil imposta pela Justiça. Enquanto os agravos não são julgados, a liminar deverá ser cumprida e os dias são contados tanto pelos índios quanto pelos arrozeiros.

CIR - O Conselho Indígena de Roraima divulgou ontem uma nota alertando as autoridades para iminência de conflito na terra indígena. De acordo com o secretário da organização, Júlio Macuxi, a situação tornou-se preocupante. "A organização [CIR] está preocupada também com a segurança das comunidades, já que a Polícia Federal poderá receber ordens para retirá-las à força", disse.

APOIO - Índios Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang e Patamona de várias comunidades da Raposa/Serra do Sol foram convocadas pelas três comunidades para resistirem à reintegração de posse. Na noite de terça-feira, 19, uma caravana de índios começou a chegar nos pequenos povoados recém-fundados e instalados próximos às fazendas.

Os tuxauas esperam a chegada de dois mil indígenas e dizem ter suprimento para manter todos alimentados durante o tempo que for necessário para resistir à retirada. "Temos feijão, arroz, óleo, carne, farinha.... Ninguém aqui vai sair e ninguém vai passar fome", avisou o tuxaua Constantino da comunidade Jawarizinho.(T.B.)

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