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Índios Suruí recebem 40 casas populares

Agência Pará de Notícias - http://www.agenciapara.com.br/exibe_noticias_new.asp?id_ver=57113
Autor: Selma Amaral
20 de Jan de 2010

As obras de construção de 40 casas populares nas terras dos índios Suruí, da aldeia Sororó, no município de São Geraldo do Araguaia, região Sul do Pará, estão sendo finalizadas. As casas têm dois quartos, sala, banheiro e energia elétrica, que também chegou há pouco tempo no local. A obra é realizada pelo Governo do Estado, por meio da Companhia de Habitação do Pará (Cohab), ao custo de aproximadamente R$ 1 milhão.

A aldeia Sororó, que também se autodenomina de "Aikewara", é uma reserva de 26.257 hectares, demarcada em 1977 pelo governo federal, após vários confrontos que quase dizimaram o povo Suruí. Atualmente, a aldeia reúne 322 indivíduos que sobrevivem da renda de projetos da agricultura familiar, como piscicultura e apicultura.

Quem pode, gasta o tempo livre ajudando na construção da futura casa. Este é o caso do índio Tiapé Suruí, de 26 anos, que, na ausência do cacique Mahu Suruí, é quem responde pela comunidade. Ele conta que as casas vão ajudar na qualidade de vida e garantir mais conforto, já que as habitações atuais têm paredes e cobertura de palha, que precisam ser trocadas constantemente devido à fragilidade do material. "Vai ser bom para todo mundo", conta Tiapé, que vai morar na casa nova com os pais e os irmãos.

As primeiras unidades habitacionais da aldeia serão destinadas aos homens e mulheres mais velhos, seguindo a tradição dos "Aikewara", descobertos por volta de 1923, quando tinham aproximadamente 1.200 índios na aldeia. Em 87 anos de processo de "civilização", o povo Suruí enfrentou várias situações adversas, como invasão de terras para retirada de madeira, ouro, surto de gripe e, por fim, o confronto com militares à época da guerrilha do Araguaia, já na década de 1970.

Atualmente, a caça e a pesca abundantes foram substituídas por projetos de agricultura familiar. Os índios mantêm lavouras de mandioca e também projetos de criação de peixe em cativeiro (piscicultura), ambos para alimentação diária, além da apicultura (criação de abelhas), cuja produção de mel é revendida.

No aspecto sócio-cultural também há grande esforço dos índios no sentido de preservar a língua Tupi. Segundo Tiapé Suruí, o idioma é ensinado às crianças juntamente com o português. A meta é recuperar o tempo perdido e evitar que os pequenos se tornem adultos desinteressados pela cultura local, devido à proximidade da aldeia com a urbanização do município de São Geraldo do Araguaia.

Assim que as casas estiverem prontas, os índios querem construir um grande salão no centro da aldeia. O local, segundo Tiapé Suruí, vai servir para os encontros vespertinos e contação de estórias pelos mais velhos. As novas casas deverão ser entregues durante o mês de fevereiro como primeira etapa do projeto, que prevê a construção de mais outras 40 unidades habitacionais na aldeia Sororó.

Selma Amaral - Secom

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