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Índios se irritam com ausência e pedem revogação de portaria

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: ALECY ALVES
27 de Set de 2003

Os índios xavantes se irritaram com a ausência do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, do governador Blairo Maggi e do presidente nacional da Funai, Mércio Pereira Gomes no seminário "As Questões Indígenas e o Direito à Propriedade", promovido pela Federação Mato-grossense da Agricultura (Famato).

Os líderes indígenas queriam aproveitar a oportunidade para entregar o pedido de revogação da portaria federal que criou um grupo de trabalho (GT) para discutir a ampliação e demarcação das áreas das reservas Sangradouro e Mata Grande, na região de Primavera do Leste (300 quilômetros de Cuiabá), onde cerca de 1,2 mil índios vivem em 116 mil hectares.

Com o documento numa pasta, o cacique Domingos Mahoro disse que esse assunto não é mais prioridade para seu povo e que não estão dispostos a esperar por incentivos do governo para começar a produzir. Ele disse que pediram o estudo e agora estão desistindo dele. "Viajamos tantos quilômetros à toa. Fizeram a gente de bobo", esbravejou Mahoro.

Domingos Mahoro destacou que os xavantes perceberam que brigando por mais terras poderiam gerar conflitos e passar a imagem de que estariam interferindo no progresso. "Queremos viver em paz, chega de briga", conclui. No evento, Mohoro anunciou que os índios estão dispostos a firmar parcerias com os produtores agrícolas.

Os parecis compartilham da mesma idéia, ou seja, produzir em suas terras usando estrutura dos parceiros, como maquinários e sementes, explica Rony Azoinaycie. Os produtores, detalha ele, financiariam a produção e depois receberiam o que investiu mais uma compensação pela parceria.

Representado os Pareci, Rony disse que além dos 1,2 milhão de hectares onde vivem cerca de 2 mil índios na região de Campo Novo, reconhecidamente seu povo é dono de outras 43 mil hectares em três áreas - Ponte Pedra, Uirapuru e Estação Pareci.

Além de não abrir mão dessas terras, os parecis querem que sejam demarcadas. Não por necessidade de mais terras, mas porque, segundo Rony, os índios sabem que se não ficar com eles estará sob o controle de grandes produtores atendendo interesses individuais. "Abriríamos mão se tivéssemos a certeza de que gerariam desenvolvimento coletivo", completou.

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