VOLTAR

Índios são os menos favorecidos da América Latina

24 Horas News-Cuiabá-MT
19 de Mai de 2005

As condições de vida dos indígenas latino-americanos continuam sendo piores do que as do resto da população do continente, apesar da crescente influência política, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira pelo Banco Mundial.

O estudo avalia a evolução das condições sociais nos cinco países com maior população indígena da América Latina (Bolívia, Equador, Guatemala, México e Peru) durante a última década, proclamada pelas Nações Unidas como a Década Internacional dos Povos Indígenas do Mundo.

O relatório, intitulado "Povos indígenas, pobreza e desenvolvimento humano na América Latina: 1994-2004", conclui que os índios, que representam 10% da população da região, são o segmento mais desfavorecido da América Latina.

O estudo do BM aponta, por exemplo, que na Bolívia e na Guatemala, mais da metade da população é pobre, mas entre os indígenas essa cifra chega a 75%. A situação é ainda pior no Equador, onde cerca do 87% dos indígenas são pobres, uma percentagem que chega a 96 % nas zonas rurais.

No México, a incidência da pobreza extrema em 2002 era 4,5 vezes maior nos municípios predominantemente indígenas do que nos não indígenas. Na década anterior, essa proporção era de 3,7. O relatório destaca que, no Peru, 43% dos lares pobres são indígenas.

Os resultados do estudo surpreenderam Gillete Hall, economista do BM e co-autora do estudo, que afirmou que o maior poder político indígena "não se traduziu nos resultados positivos que queríamos encontrar quando começamos a pesquisa".

Além de indicar que foram registrados poucos avanços na redução das taxas de pobreza, o relatório indica também que os indígenas se recuperam mais lentamente das crises econômicas. Ser indígena ainda aumenta a probabilidade de um indivíduo ser pobre, ao que se soma o menor acesso à educação e aos serviços básicos de saúde.

A probabilidade de ser pobre aumenta entre 11 e 30% se um indivíduo for indígena, segundo o BM, que indica que o México é o país com a pior situação.

O BM destaca que as altas taxas de trabalho infantil também podem estar limitando os resultados de educação entre as crianças indígenas. A atrofia do crescimento - relação entre estatura e idade - é quase duas vezes mais comum entre crianças indígenas.

Um triste panorama que, segundo Harry Patrinos, economista do BM e co-autor do estudo, "é particularmente uma má notícia para um continente que quer cumprir as Metas de desenvolvimento do milênio de reduzir os índices de pobreza pela metade até 2015".

O estudo recomenda aos governos da região se basearem em quatro áreas específicas para conseguir melhorar as condições de vida da população indígena.

Como primeiro conselho, o BM sugere oferecer educação de maior alcance e melhor qualidade por meio de programas de educação bilíngüe e bicultural, para reduzir a diferença nos anos de escolaridade e melhorar a qualidade da educação.

O BM também considera importante envolver mais os pais e a comunidade na hora de oferecer serviços sociais, além de estabelecer objetivos claros.

O terceiro ponto insiste na importância de impulsionar o acesso aos serviços de saúde para os indígenas mediante a implementação de programas focados na saúde materno-infantil.

Por último, o Banco recomenda melhorar a coleta de dados relacionados com a identificação de povos indígenas, para poder supervisionar melhor seus avanços

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.