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Índios são massacrados durante invasão de uma aldeia em Arame

Jornal Pequeno
17 de Abr de 2007

Um índio assassinado, dois baleados e um outro ferido a pauladas foi o saldo de um violento confronto, ontem, na aldeia Cururu, invadida por moradores da área urbana do município de Arame, a 500 quilômetros de São Luís. De acordo com o relato do líder indígena Uirauchene Alves Soares, com a invasão da área casas foram queimadas e parte da aldeia foi destruída. O confronto ocorreu em razão da interdição da rodovia MA-006, que liga Arame a Grajaú. Os índios estavam bloqueando a estrada desde a semana passada, num protesto contra a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Revoltados com a interdição da MA-006, comerciantes da região, que se diziam prejudicados com a manifestação dos índios, juntaram-se a pessoas da comunidade e acabaram entrando em confronto com a aldeia indígena. Além da morte de um índio, assassinado a tiros, dois manifestantes foram baleados e um outro índio, agredido a pauladas, está com traumatismo craniano e corre risco de vir a morrer.

Segundo Uirauchene Alves Soares, a interdição da MA-006 começou na quinta-feira passada, num protesto contra a política de saúde indígena promovida pela Funasa. O líder Uirauchene Soares informou que o cacique José Cândido Guajajara, de 68 anos, morreu vítima de tuberculose, na última quinta-feira, na Casa do Índio, localizada no bairro do Turu, em São Luís.

"Resolvemos protestar contra a Funasa, em Arame, porque este é o oitavo óbito de índio, somente este ano, em razão de problemas de saúde, e a culpa disso tudo é da Funasa, que não cumpre com suas obrigações e nem respeita acordos firmados com o Ministério Público", declarou o líder indígena.

Ameaça de morte - Visivelmente nervoso, Uirauchene Alves Soares declarou que está sob ameaça de morte, feita por comerciantes e políticos de Arame. "Em relação a qualquer coisa que venha a acontecer comigo, quero desde já responsabilizar principalmente as pessoas ligadas ao prefeito de Arame, o Dr. João Menezes, e os comerciantes da região", afirmou.

Uirauchene Alves Soares reuniu-se ontem em São Luís com o superintendente regional da Polícia Federal no Maranhão, Gustavo Ferraz Gominho, e o Dr. Luís Carlos, procurador da República no Estado, a quem comunicou que está sendo ameaçado de morte. Para Uirauchene Soares, outro fato grave é que o líder indígena Arcenilton Guajajara teria sido cooptado pelos adversários dos índios. "Ele só anda armado, com um revólver, e também está me ameaçando de morte. Ele chegou no carro da Funasa ao local onde os índios foram massacrados, na aldeia Cururu", afirmou Uirauchene.

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