Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: MARILENA FREITAS
18 de Ago de 2004
Os conselheiros distritais e presidentes dos conselhos locais de saúde do Distrito Sanitário do Leste (DSL) de Roraima enviaram carta ao ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e ao ministro da Saúde, Humberto Costa, pedindo urgentes esclarecimentos sobre a proposta de substituição do atual coordenador regional da Funasa (Fundação Nacional do Índio), Ipojucan Carneiro da Costa.
No lugar dele um grupo político está fazendo pressão em Brasília para emplacar o ex-superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Ramiro Teixeira, o qual não tem a simpatia dos líderes indígenas das etnias Macuxi, Wapichana, Taurepang, Ingaricó, Patamona, Sapará e Wai-Wai.
"Queremos desde já dizer que estamos surpresos, decepcionados e descontentes com a postura tomada por vossa senhoria, antidemocrática e desrespeitosa para com a população indígena desse Estado. Hora, se nós indígenas somos usuários do serviço da Funasa, seríamos nós os autores legítimos de iniciativa dessa natureza", afirmam na carta os autores do documento.
Alegam que Funasa tem sido avaliada constantemente nas reuniões e oficinas de lideranças indígenas de todo o distrito. Ressaltam que Ipojucan Carneiro conquistou ao longo do tempo que assumiu a coordenação o prestígio e credibilidade da população por causa da competência, compromisso, responsabilidade e transparência no trabalho.
"As coordenações anteriores nunca assumiram com tanta responsabilidade esse compromisso com a saúde indígena", afirmam no documento, ao frisar que temem pelo retorno das investigações por supostos atos de desvios de recursos.
As cinco lideranças que assinam a carta deixam claro que não acreditam no argumento do ministro Humberto Costa, o qual garante que qualquer gestor cumprirá o dever da instituição.
"Não aceitamos interferência de políticos antiindígenas sem que sejam ouvidas as comunidades indígenas", afirmam na carta, ao cobrarem o compromisso do atual governo com as comunidades indígenas. A carta enviada aos dois ministros e distribuída para a imprensa foi assinada por 33 membros do Conselho Distrital de Saúde.
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