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Índios são alvos de golpistas

Dourados Agora-Dourados-MS
Autor: Cristiane Guimarães
23 de Ago de 2005

Lideranças indígenas das aldeias Bororó e Jaguapiru se reuniram no último sábado para discutir a segurança dentro da reserva. Segundo o membro do Conselho de Direitos Indígenas de Mato Grosso do Sul, Denis Silva Figueiredo, a entrada de brancos têm provocado muitas reclamações. Os índios estão sendo alvos de golpistas e comerciantes, que usam de má fé para vender produtos e até mesmo realizar empréstimos. "Algumas corretoras de empréstimos estão agindo contra a lei. Elas concedem financiamentos a aposentados do INSS, sendo que é proibido que analfabetos façam empréstimos sem uma procuração", disse Denis.

O número de índios que possuem dívidas com esses comerciantes praticamente dobrou, o fator principal desse aumento é a distância do centro da cidade. A comodidade de comprar, alimentos, utensílios domésticos e roupas, na porta de casa, aliada ao poder de convencimento do vendedor, leva muitas famílias indígenas a contraírem dívidas que não podem pagar. Esse foi o caso de Deuzália Gonçalves Lopes. Mãe de cinco crianças, a índigena fez uma dívida de R$ 400,00 em roupas. Mais tarde ela descobriu que foi enganada. "Eu paguei R$ 80,00 numa calça jeans, e minha amiga pagou metade do preço na mesma calça".

Histórias como a de Deuzália são comuns dentro da reserva. Os preços dos produtos não são fixos, os ambulantes negociam conforme a condição financeira dos índios. Eles analisam a casa, o padrão de vida, o trabalho, e através dessa observação aplicam um preço maior ou menor no mesmo produto.

Outro problema, que piora a situação, é a entrada incontrolável de bebidas alcoólicas nas aldeias. Com uso excessivo de álcool, a violência doméstica aumentou. Na semana passada, a índia Cristiane Cardoso, de 41 anos, foi violentamente espancada. Ela foi internada no hospital Evangélico, e morreu domingo. A Polícia Civil já está investigando o crime.

Proibição
Hoje, a circulação de vendedores ambulantes é pouco fiscalizada, o que abre caminho para a exploração comercial dos índios. Na tentativa de acabar com a insegurança e com os golpes, as lideranças indígenas vão restringir a entrada de brancos na reserva.

Existe uma autorização, expedida pela Funai, que permite a entrada de comerciantes nas aldeias Bororó e Jaguapiru. A partir de agora, para conseguir essa liberação, que dura até 30 dias, o comerciante deverá passar por uma seleção bem rigorosa. "Vamos fazer uma escolha criteriosa para entrada na reserva, visando um comércio justo para todas as famílias", disse o chefe da Funai na reserva, Izaque de Souza.

Outra solução seria a instalação de um mercado dentro da área indígena, idéia que já está sendo discutida pelos índios. "Estamos estudando a abertura de uma licitação para instalação de um mercado, com isso, vamos conseguindo nossa autonomia", disse Izaque de Souza.

Em setembro, 44 líderes indígenas devem realizar um encontro para discutir as melhorias no setor de segurança. Eles pretendem colocar em ação a Lei Federal 6.001 de 19 de dezembro 1973, que autoriza no parágrafo 6o, o direito de preservar e respeitar os costumes e as tradições indígenas. O objetivo é de colocar em ação a prática de defesa tradidicional do índio. Arco e flexa voltam a ser usados para manter a ordem dentro da reserva.

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