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Índios recomeçam aldeia destruida pela Aracruz

Seculodiário
Autor: Flávia Bernardes
25 de Jul de 2007

Os Tupinikim e Guarani do norte do Estado iniciaram, nesta quarta-feira (25), a reconstrução de uma das três aldeias que foram destruídas pela Aracruz Celulose no passado. Ao todo, cerca de 250 índios se revezaram no trabalho de corte de madeira, cata de palha e limpeza do local para o início de construção das casas da aldeia.

A iniciativa dos índios faz parte do movimento iniciado nessa terça-feira (24), quando eles reo cuparam os 11.009 hectares de terras indígenas que ainda estão sob a posse da Aracruz Celulose. Nessa terça, eles cercaram a área e retiraram os não-índios que estavam ilegalmente na região.

"Está tudo tranqüilo por aqui, estamos começando a reconstrução de Olho D'Água, separando quem vai fazer o que. Tem muita gente ajudando e sabemos que estamos lutando por um direito nosso", contou a liderança Tupinikim Jaguareté, da aldeia de Caieiras Velha.

A aldeia de Olho D´água já foi destruída duas vezes. Na segunda, em 26 de janeiro de 2006, ele foi destruída numa ação ilegal da Polícia Federal com o apoio da Aracruz Celulose. Na ocasião, treze índios ficaram feridos por balas de borracha disparadas pelos policiais federais.

Desde então, os índios aguardam a promessa do governo federal de que suas terras seriam devolvidas através da assinatura da portaria de demarcação dos 11.09 hectares reconhecidos pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como tradicionalmente indígenas. Cansados de esperar, os índios voltaram a retomar a área como uma forma de exigir a assinatura imediata da portaria pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.

Tarso chegou a afirmar que cumpriria a Constiuição, devolvendo assim a terra aos índios, mas até agora nada foi feito neste sentido.

Enquanto isso, além das casas os índios estão também preparando a terra para o plantio de alimentos na aldeia de Olho D'Água. Para eles, as iniciativas significam a esperança de resgate de suas tradições.

Antes da destruição, a aldeia de Olho D'Água possuía as casas dos índios e um opu, onde eles realizavam os cultos religiosos e que também foi destruído pela Polícia Federal. O reflorestamento da região tem o objetivo de recuperar a terra destruída pelo intenso plantio de eucalipto durante anos e unificar a área para que o povo indígena esteja, finalmente, protegido em suas terras.

Esta é a quarta vez na história do Espírito Santo que os índios têm que retomar suas terras. Além da aldeia de Olho D'Água, os índios pretendem reconstruir as aldeias dos Macacos e Areal, que também foram destruídas no passado.

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