VOLTAR

Índios querem mostrar sabedoria

A Crítica-Manaus-AM
Autor: Dione Santana
09 de Nov de 2001

Depois de três dias de explanação sobre biopirataria, patentes, biodiversidade e conhecimentos tradicionais, os índios, que representam a base do saber, por pouco não ficaram de fora da discussão no Seminário Internacional sobre o Papel da Proteção da Propriedade Intelectual no Campo da Biodiversidade e dos Conhecimentos Tradicionais que se realizou no Hotel Tropical.
Dos 37 países representados, a participação indígena acabou acontecendo por acaso. Outra questão, no encerramento do evento, levantou a curiosidade da platéia em relação à patente dos seres vivos. O pesquisador em Biologia Molecular Ricardo Remer fez um paralelo entre a Conferência sobre Racismo, que aconteceu na semana passada em Durban, África do Sul, e o avanço da biotecnologia, que já permite a escolha da cor da pele de animais.
O coordenador geral dos direitos dos índios, Marcos Terena, da etnia terena, localizada no Pantanal (MT), diz que veio a Manaus participar do Congresso Indígena. Para sua surpresa descobriu que, desde domingo, 300 especialistas falavam do tema que os índios mais dominam - conhecimento tradicional -, só que indígenas não haviam sido convidados.
"Conversei com o presidente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), José Graça Aranha, já que na Organização das Nações Unidas para a Europa, em Genebra, temos assento cativo nessas discussões." Na tarde de segunda-feira, Terena expôs a posição dos 230 povos indígenas de todo o Brasil. Ele afirma que o povo indígena pôde apresentar os conhecimentos tradicionais adquiridos dentro da aldeia, mas também com posicionamento de que todo processo envolvendo o conhecimento indígena deve ter a representação do povo.
O índio é fonte de sabedoria para o pesquisador, considera Terena, comentando que a intenção é fazer com que a patente deste conhecimento beneficie o proprietário original, que é o índio. "Não somos contra a pesquisa, mas queremos discipliná-la, especialmente a industrial, para o bem comum." Segundo Terena, a pesquisa industrial esquece o lado humanístico, o que diferencia o índio do homem ocidental.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.