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Índios querem 300 fazendas em MS

Correio do Estado-Campo Grande-MS
19 de Abr de 2003

As propriedades estão em 80 áreas de conflito. São terras legalizadas pelo Governo, mas que os indígenas alegam ter pertencido aos seus ancestrais

Aproximadamente 300 produtores rurais, incluindo grandes, médios e pequenos, estão envolvidos em conflitos com índios em Mato Grosso do Sul. Segundo levantamento da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), existe briga pela posse da terra entre índios e brancos em 24 áreas em 17 municípios do Estado. A área solicitada pelos índios totaliza cerca de 240 mil hectares.
No entanto, segundo o assessor de meio ambiente e populações indígenas da entidade, Josiel Quintino dos Santos, no total, são 80 áreas com possibilidades de conflitos entre os índios e brancos no Estado. Em média, cada área solicitada pelos indígenas tem um tamanho de 10 mil hectares, que são ocupados por 10 a 15 produtores rurais.
Atualmente, 24 áreas estão sendo questionadas na Justiça pelos produtores rurais. Cada área tem um tamanho médio, segundo Josiel dos Santos, de 10 mil hectares. Os municípios com o maior número de casos são Amambai e Paranhos, com três áreas de conflito cada, seguidos por Ponta Porã, Juti e Tacuru, com duas.
No entanto, o mais grave na situação é que a batalha dos tribunais é refletida nas áreas sob litígio, como aconteceu no município de Juti, quando a disputa pela Fazenda Brasília do Sul resultou na morte do líder indígena Marcos Veron, 73 anos, ocorrida no dia 13 de janeiro deste ano. Funcionários da propriedade foram denunciados pelo Ministério Público Federal como autores do assassinato do líder da invasão.

Mais recente
O último conflito a surgir no Estado foi a disputa por uma área de 1,3 mil hectares em Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia, envolvendo cerca de 100 índios e cinco fazendeiros. Expulsos pelos índios, os produtores rurais se tornaram sem-terra acampados as margens da rodovia. João Quirino dos Santos está debaixo de um barraco de lona com dois filhos e a esposa. Para dormir, usam apenas colchão de casal. "Estou sobrevivendo com ajuda dos outros, é difícil", disse. Como ele, outras nove famílias estão na região, à espera de solução.
Como os índios ocuparam as propriedades, eles perderam uma plantação de 26 mil pés de tomate, não conseguiram colher as laranjas nem 90 hectares de soja. O vice-cacique Odílio Rodrigues alega que as terras pertencem à etnia terena, baseado em relatório feito por grupo técnico da Fundação Nacional do Índio, em que 17 mil hectares seriam propriedades dos terenas.

Cinco anos
No dia 19 de abril de 1998, os índios invadiram cinco propriedades rurais em Paranhos, onde reivindicam uma área de 4 mil hectares denominada Potrero Guassu, que engloba três fazendas e 28 chácaras. Os índios continuam na área, enquanto os produtores rurais discutem a situação na Justiça. Já houve confronto, quando brancos invadiram as áreas, queimaram os barracos e agrediram os indígenas.

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