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Índios protestam em Brasília/DF e pedem demarcação de terra

Radiobrás-Brasília-DF
27 de Jul de 2004

Cerca de 50 índios da nação Pipipan, em Pernambuco, fizeram na manhã desta terça-feira (27) uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília (DF), para reivindicar a demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios da região. Atualmente, cerca de 3 mil índios da tribo ocupam uma área de 1,1 mil hectares entre os municípios de Inajá e Floresta. Um dos líderes do grupo, Genildo Francisco de Assis, afirma que a tribo reivindica a demarcação de uma reserva de 200 mil hectares.
Os índios, que chegaram na segunda-feira (26) a Brasília, reivindicam também a criação de um programa para a produção de alimentos na reserva. Segundo ele, o atendimento emergencial, com cestas básicas, é necessário, mas é preciso construir um projeto para que os índios consigam produzir os próprios alimentos. "Nós não agüentamos mais depender de cestas básicas para sobreviver. Nós queremos um programa permanente, para a vida toda".
Assis reclama do descaso da Funasa - Fundação Nacional de Saúde. Segundo ele, há sete meses a Funasa deixou de enviar médicos e equipes de vacinação à região. As estradas estão em más condições de uso e para conseguir água os índios têm que percorrer cerca de 15 quilômetros. "Nós não vamos sair daqui antes que seja tomada uma providência. A demarcação da terra eu sei que é difícil e demorada. Mas, os problemas de saúde, alimentação e transporte eu sei que podem ser resolvidos", afirmou.
Índios invadem a sede da Funai - No final da tarde desta terça-feira, os índios invadiram a sede da Funai - Fundação Nacional do Índio, em Brasília. Segundo o presidente substituto da Funai, Roberto Lustosa, os índios não passarão a noite no prédio. A Funai entrou em contato com o Conselho Tutelar para encontrar um abrigo para as crianças indígenas que estão no grupo. "O procedimento é que eles peçam passagens na administração local e seja agendado, aqui em Brasília, o que eles precisam", disse Lustosa, acrescentando que isso não aconteceu: "Aqui não é um hotel, é um prédio público, não tem como dar abrigo e condições sanitárias a 49 pessoas que chegaram sem prévio aviso".
O presidente substituto conta que os índios estiveram reunidos, na segunda-feira (26), com o diretor de assuntos fundiários da Funai, Artur Mendes, e a única reivindicação que fizeram foi a demarcação de terras. "Em um prazo de 30 dias, uma equipe técnica fará um estudo preliminar da terra", afirma Lustosa.
Ele disse que as demais reclamações surgiram nesta terça-feira, quando os índios fizeram, pela manhã, um protesto em frente ao Palácio do Planalto. O líder dos índios Pipipan, Genildo Francisco de Assis, afirmam que "desde 1940, quando um dos nossos líderes foi assinado por fazendeiros da região, viemos sistematicamente sofrendo invasões".
A situação seria ainda mais grave porque a área em que estão é uma reserva ambiental do Ibama, o que não permite a caça ou "que retiremos mel e raízes", ressalta Maria de Fátima Gomes, uma das integrantes do grupo indígena. O presidente substituto da Funai informa que a área onde os pipipan vivem é o parque de Serra Negra. "Eles alegam que parte dessa terra é tradicionalmente deles e é exatamente isso que o nosso grupo vai investigar", anuncia.

Segundo Lustosa, o relatório da administração regional da Funai em Recife (PE) relata que o líder indígena Genildo de Assis "é um ex-servidor da Funai que foi exonerado após ter incendiado um carro da Fundação. Ele também se apresentou no Maranhão como sendo um índio Guajajára, teve um conflito sério com a polícia federal e teria feito reféns após tomar armas de agentes federais". Para a Funai, as reivindicações são movidas por motivos pessoais e não coletivos.
"Estamos passando fome, precisamos de vacinação, que não existe. Não temos condições para buscarágua, que fica a dez, doze quilômetros", reclama Maria de Fátima Gomes.

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