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Índios prometem invadir Fazenda Ipê

Diário Catarinense - Florianópolis – SC
Autor: Sônia Regina
14 de Mar de 2001

Decisão de se apossar da área foi tomada após confronto com a polícia

Índios da Reserva Duque de Caxias, no Alto Vale, pretendem tomar posse das terras da Fazenda Ipê, da empresa Manoel Marchetti Indústria e Comércio. Para os índios, a área pertence à aldeia. Vamos invadir para cuidar do que é nosso, disse o cacique Icran Morló.
A decisão, de acordo com o cacique, foi tomada após a ação da Polícia Militar na segunda-feira. Revoltados, os indígenas resolveram não mais aguardar a decisão sobre a ampliação da reserva. O processo de delimitação das terras tramita no Ministério da Justiça. Na segunda-feira, 35 PMs de Rio do Sul cumpriram mandado de manutenção de posse na Fazenda Ipê, na localidade de Bonsucesso, em José Boiteux.
Cinco índios e um homem branco foram detidos, acusados por extração ilegal de madeira e resistência à prisão, e liberados após depoimento. Um caminhão, uma motosserra, dois facões e uma faca foram apreendidos e serão anexados ao inquérito policial. Na versão dos índios, a polícia usou de violência, invadiu área da reserva e residências. Eles alegam que um veículo da Fundação Nacional da Saúde que levava pacientes para a cidade foi parado e os ocupantes, agredidos. Oito pessoas ficaram feridas, entre elas mulheres e idosos.
A Polícia Militar rebate as acusações e afirma possuir filmagens, fotografias e testemunhas civis de que não houve violência contra os indígenas. O capitão Carlos Fogaça Bueno, que comandou a operação, diz que recuou com a guarnição quando percebeu que os índios estavam se rebelando. Bueno garante que o cumprimento do mandado de manutenção de posse foi dentro da lei.
AL propõe emenda para reassentamento
FLORIANÓPOLIS
Depois de três horas de negociações na Assembléia Legislativa, colonos e indígenas da Sede Trentin, em Chapecó, chegaram a um acordo. A comissão de Agricultura da Assembléia propôs um projeto de emenda constitucional que irá garantir o reassentamento dos colonos que ocupam terras indígenas em outras áreas, além da indenização pelas benfeitorias promovidas pelos agricultores.
Participaram da reunião representantes da Fundação Nacional do Índio, trabalhadores rurais, além do juiz João Batista Lazari, do Ministério Público Federal. A aldeia Kaingang tem 950 hectares e os índios reivindicam mais 975, onde vivem 70 famílias de colonos. Os agricultores moram na região há 50 anos. A administração da cidade defende a proposta de que o governo do Estado indenize os agricultores, já que concedeu as áreas em questão.
Na segunda-feira, a prefeitura de Chapecó disponibilizou quatro engenheiros agrônomos, solicitados pelos agricultores para auxiliar no levantamento técnico das benfeitorias feitas pelos colonos. Mas o trabalho foi interrompido porque os agricultores exigiram um acompanhamento.

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