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Índios pedem distância de agrotóxico

Diário de Cuiabá - www.diariodecuiaba.com.br
Autor: Alecy Alves
31 de Jul de 2008

Os índios mato-grossenses querem proibir o uso de agrotóxicos nas plantações das fazendas que ficam no entorno das áreas indígenas. Essa questão e dezenas de outros problemas foram levantados por mais de 40 lideranças e representantes de povos indígenas durante um seminário que terminou ontem em Cuiabá.

O evento, que teve como tema central a proposta de Zoneamento Socioeconômico Ecológico de Mato Grosso (ZSEE) para as reservas indígenas, encerrou-se com a elaboração de uma carta ao governo do estado, autor do projeto do ZSEE.

O presidente do Instituto Indigenista de Estudos e Pesquisas Maíwn, professor Lucas Rurion, destacou que o que estão reivindicando é a conservação de riquezas naturais, como água, por exemplo, numa faixa de 10 quilômetros em volta das reservas. E também a criação de programa permanente de fiscalização e monitoramento de atividades que possam constituir riscos à vida, costumes e cultura dos povos.

Dentro das comunidades, eles sugerem que a lei do ZSEE, que ainda dependente de apreciação pela Assembléia Legislativa, contemple a execução de projetos de reflorestamento para corrigir, segundo Rurion, os danos causados pela influência do setor produtivo nos costumes das aldeias. Como exemplo, ele citou a mecanização agrícola.

Nesse seminário, os índios listaram e apontaram nominalmente as fazendas que circundam suas terras e os riscos que cada uma dessas propriedades representa. Integrante dos xavantes, maior etnia do estado, com mais de 10 mil índios, Rurion disse que há uma preocupação com o avanço da agricultura em regiões como Xingu e Sapezal.

Índia da etnia pareci, a professora Francisca Navantino disse que a preservação e recuperação das nascentes e rios que formam bacias, como do Pantanal, precisam de atenção especial. A maioria dos rios que servem as aldeias, observou ela, nasce fora das terras indígenas.

A expectativa da professora é que a partir do zoneamento socioeconômico e ecológico e das recomendações encaminhadas ao governo, seja definida a política de sustentabilidade do estado.

O secretário estadual de Planejamento, Yênes Magalhães, que lidera a elaboração e discussões do ZSEE, participou do seminário pela manhã. É para ele que os índios entregarão a carta.

"Esse é mais um segmento que se posiciona sobre o zoneamento", observou, lembrando que com esse trabalho o governo quer disciplinar o desenvolvimento do estado. Além da Seplan, a carta dos índios deve ser enviada também para a Assembléia.

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