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Índios pedem casas ao governador

Gazeta do Povo-Curitiba-PR
Autor: ANDRÉA MORAIS
21 de Mai de 2002

Comunidade vive em locais similares a favelas rurais

Moradias atenderiam 400 famílias na região de Guarapuava

Representantes das comunidades indígenas de Guarapuava, na região central do Estado, reinvidicaram, ontem, ao governador Jaime Lerner a construção de casas em alvenaria para abrigar 400 famílias. O pedido foi feito durante a abertura do seminário "Paraná Indígena: Memória da Terra", que estará sendo realizado na Secretaria da Cultura, em Curitiba, até quarta-feira. Lerner disse que já conhecia a dificuldade dos índios quanto à moradia e prometeu se empenhar para que a solicitação seja atendida. "Determinei à Cohapar que trabalhe em soluções de moradia para a comunidade indígena", disse.

O assessor especial do governo para Asssuntos Indígenas, Edívio Battistelli, reconheceu que a situação de habitação dos índios é precária e deve ser tratada com prioridade. "É impossível garantir qualidade de vida a essas comunidades sem passar pela habitação. As escolas indígenas têm água encanada e banheiro, mas as crianças voltam para casa e não encontram essa mesma condição. São casas onde adentrou a lata, o plástico, enfim materiais que poluem cultural e ambientalmente as reservas. Em determinados locais são verdadeiras favelas rurais", define.

Diferenças

O seminário, iniciado ontem, conta com a participação de representantes de todas as comunidades indígenas do Paraná. Ao todo, vivem no estado cerca de 10,3 mil índios, que ocupam 17 reservas regularizadas e seis que estão em processo de regularização. A maior concentração está na região de Guarapuava, onde moram 7.354 índios. Apesar das dificuldades, o presidente nacional da Funai, Glenio da Costa Alvares, que participa do evento, considera que o índio do Paraná está se aprimorando e uma prova disso é que, no ano passado, algumas aldeias tiveram boas produções de grãos. "Eu acho que os índios estão caminhando para uma independência, fazendo suas associações com o governo do estado, municípios e até organismos do exterior. E nós temos que incentivar essa busca de autonomia."

Entre os representantes dos índios no seminário a autoridade maior é o líder kaiapó Raoni. Ele propôs que todas as diferenças do passado sejam enterradas, para que índios e brancos possam lutar juntos por seus direitos. "Eu luto por todos nós. Não só por minha terra, mas por todos os índios, que são meus irmãos. Luto pela terra, pelos bichos, pelas matas, pela natureza e também para que nossa cultura e tradições sejam mantidas."

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