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Índios Pataxó reerguem monumento à resistência indígena

Cimi
16 de Ago de 2001

Um ano e quatro meses depois da destruição do monumento à resistência em Santa Cruz
Cabrália pela Polícia Militar do estado da Bahia, os Pataxó reedificam o símbolo indígena. A
instalação foi transferida para o Monte Pascoal, outro símbolo de determinação e luta dos
povos indígenas, retomado pelas comunidades desde agosto de 1999. A construção do
monumento levou quase um ano e foi mantido em segredo para evitar nova repressão policial.
A inauguração da obra coincide com a celebração de dois anos da retomada do Monte
Pascoal. As atividades têm início na sexta-feira, 17, com atividades culturais de pintura, teatro
de bonecos, música e vídeo para crianças e adultos indígenas. No sábado lideranças de todas
as aldeias Pataxó e representantes de povos indígenas de outros Estados se reúnem para
avaliar a situação dos povos no Brasil e a retomada do Monte Pascoal. No domingo, 19,
acontece a cerimônia de inauguração do monumento com a presença de entidades de apoio à
causa indígena e parlamentares.
A reedificação do monumento à resistência se transformou em ponto de honra para
comunidades indígenas, indignadas com a ação da Polícia Militar do dia 9 de abril de 2000.
Naquela noite um contigente de cerca de 200 policias armados cercou o local da construção
(ao lado da cruz antiga, onde foi celebrada a primeira missa), dando cobertura à ação de
destruição com trator, escavadeira, pás e picaretas. Em menos de dez minutos, o trabalho de
muitos meses foi colocado abaixo. O monumento seria um marco que celebraria a chegada da
Marcha Indígena e a realização da Conferência dos Povos e Organizações Indígenas, que
reuniu em Santa Cruz Cabrália, 3.600 índios de mais de 150 povos de todo o país.
O novo monumento mantém a significação do primeiro: traduzir a violência enfrentada pelos
povos indígenas ao longo dos 500 anos de invasão, lembrar a memória dos antepassados e
comemorar a diversidade cultural e étnica do Brasil. A obra está localizada na chamada "praça
do meio", que de agora em diante receberá o nome de "Praça da Resistência". Trata-se de
uma área de confluência de caminhos para várias aldeias, para o centro de visitação e para o
cume do Monte Pascoal. O monumento tem uma base circular, construída com pedras e
concreto onde foi reservado um grande espaço para dança. Na região central, emerge um
mapa do Brasil, cujo perímetro feito de concreto terá grafado os nomes dos povos indígenas.
Dentro do mapa, será plantado um jardim de ervas medicinais das aldeias indígenas das várias
regiões do país. Em torno da base circular, erguem-se cinco grandes colunas em forma de
arcos que quase se encontram no alto, significando os cinco séculos de resistência indígena.
Todo o projeto foi feito em mutirão pelas comunidades Pataxó em torno do Monte Pascoal.

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