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Índios participam de curso em magistério

Página 20-Rio Branco-AC
31 de Ago de 2003

Oitenta professores indígenas de 11 etnias passam por capacitação para resgatar e conservar a cultura

Desde o início de agosto, 80 professores indígenas de várias aldeias do Estado estão em Plácido de Castro participando de cursos de capacitação em Magistério Indígena. Participam professores das etnias Huni Kui, Yawanawá, Shanenawa, Katukina, Nukini , Poyanawa, Apolima Arara, Ashaninka , Madija, Yine e Jaminawa.

O curso é parte um amplo programa de formação de professores indígenas, que é desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação em parceria com a Comissão Pró-índio do Acre. O objetivo é atender as especificidades da Educação Escolar Indígena. Hoje, o Programa de Formação Inicial em Magistério Indígena atende 100% do quadro de magistério indígena do Estado. Um programa de complementação em Magistério Indígena foi implantado ainda em 2002, com apoio do Ministério da Educação, com base no programa Parâmetros em Ação para a Educação Escolar Indígena.

Para o exercício do magistério indígena é necessário que o professor dê aulas para índios da sua própria etnia. Só é permitido que o professor seja de outra etnia se não houver ninguém disponível para ser capacitado. Somente em condições muito especiais, é permitido que um não-indígena lecione em escola indígena.

CURRÍCULO - Em Plácido de Castro, os professores estão estudando os fundamentos gerais da educação escolar indígena, currículo e disciplinas específicas: língua portuguesa e indígena, matemática, ciências, história, geografia, educação física e artes. Em outro módulo, outros professores fazem a formação inicial equivalente ao Ensino Fundamental.

Segundo Manuel Estébio Cavalcante, gerente de educação escolar indígena da Secretaria de Educação, "não há como transpor literalmente o sistema desses povos com o nosso, embora eles também lidem com operações matemáticas complexas. Qualquer tentativa de fazer uma comparação, sobretudo se tirarmos conclusão em favor de nosso sistema, soará errôneo, para não dizer preconceituoso".

O Acre Indígena

Existem atualmente 14 etnias no Estado, sendo que duas, Arara ( Shawãdawa) e Jaminawa-Arara são provavelmente uma única etnia. Há os Náwa , um povo resistente, identificado em 1999 pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), e confirmado por um relatório antropológico da FUNAI. Provavelmente, este grupo é remanescente de uma etnia considerada extinta ou então um grupo pertencente a alguma etnia ainda existente que adotou a tática de camuflar sua identidade étnica por medo das represálias dos antigos exploradores de seringa e de caucho; há os Apolima Arara, também um grupo resistente em fase de reconhecimento por parte da FUNAI, que deve constituir um caso semelhante aos Náwa. Os outros onze grupos pertencem às seguintes etnias: Yine, Ashaninka, Madija, Katukina, Huni-Kuin, Nukini, Xawãdawa, Poyanawa, Shanenawa, Jaminawa e Yawanawá. Os povos indígenas que vivem no Acre falam línguas pertencentes às famílias lingüísticas Pano e Aruak . Estima-se que no Acre existem hoje cerca de 12 mil índios, a maioria vivendo em suas aldeias.

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