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Índios Parakanã aprendem técnicas de escalada para coleta de sementes

Embrapa Amazônia Oriental- Belém-PA
Autor: Ana Laura Lima
19 de Jul de 2002

Índios da tribo Parakanã vão receber treinamento sobre técnicas de escalada. Uma equipe formada por pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental, da Faculdade de Ciências Agrárias do Pará e do Museu Paraense Emilio Goeldi, a partir desta segunda-feira (15), promovem esse treinamento para cerca de 50 membros da tribo, que vivem numa reserva de 600 mil hectares, próxima ao município de Novo Repartimento, sul do Pará. Eles vão aprender as técnicas mais seguras de escalada em copas de árvores para coletar sementes de melhor qualidade. A iniciativa, que tem duração de um mês (até 15 de agosto), integra um programa de conservação genética de floresta, financiado pela Eletronorte.

O objetivo maior é dar à comunidade indígena a oportunidade de sobreviver em harmonia com os recursos naturais. "Além da colheita de sementes de espécies florestais, os índios Parakanã também trabalham com a extração do óleo da castanha-do-pará e com a produção de artesanato", conta a pesquisadora Noemi Vianna Leão, da Embrapa de Belém. Colares e pulseiras são alguns dos artigos que estão à venda para os consumidores do folclore indígena.

Para mostrar que a experiência com a coleta de sementes já está dando certo, a pesquisadora cita alguns números. Neste ano, a Aimex solicitou a compra de cem quilos de sementes de mogno para compor planos de reflorestamento, o que pode significar um ganho de sete mil reais. Os índios também coletam sementes de tatajuba e castanha-do-pará. Esta segunda espécie suscitou o interesse da Associação de Reflorestadores de Marabá (Asimar), que comprou 100 quilos do produto. Além de receberem um produto de melhor qualidade, os compradores têm acesso a informações técnicas disponibilizadas pela Embrapa, como o teor de umidade, pureza e capacidade de germinação das sementes.

A expectativa é que com outros dados fornecidos pela pesquisa sobre época de floração e frutificação das espécies, os índios possam ter um calendário de coleta durante o ano todo. Um dos resultados apontados é que de julho a agosto, o período é ideal para a colheita de sementes de mogno. "De janeiro a março, eles podem trabalhar com a castanha-do-pará. Antes, eles só pegavam as sementes caídas no chão. Agora vão poder se sustentar com a coleta na copa das árvores", completa a pesquisadora.

Além de saber a época de maturação, os membros da tribo Parakanã já aprenderam técnicas de armazenamento, beneficiamento e produção de mudas. "Agregamos valor ao trabalho do produtor já que as mudas são vendidas a um preço maior do que as sementes", explica Noemi Vianna.

A parceria entre a Embrapa e a Eletronorte está contribuindo para a manutenção da terra indígena e promovendo o auto-sustento da comunidade Parakanã. No futuro, a idéia é criar um laboratório de sementes florestais em torno do Lago de Tucuruí, onde as sementes de espécies florestais possam ser armazenadas e estudadas.

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