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Índios ocupam prédio da Funasa

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: ÂNGELA BASTOS
07 de Mar de 2006

Grupo de José Boiteux reclama de recursos à saúde

Enquanto 36 índios Xokleng ocupavam ontem o prédio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Florianópolis, mais uma índia morria na reserva Duque de Caxias. A segunda morte de adultos na comunidade nos últimos 20 dias provocou revolta. Outra vítima foi um homem que, conforme os moradores, teria morrido dias depois de engolir uma espinha de peixe.

Os índios vieram de José Boiteux em busca de explicações para a falta de recursos à saúde, quando foram informados de mais uma morte. Eles acusam a Funasa de não garantir os convênios que, no Estado, foram estabelecidos com o Projeto Rondon.

Parte do grupo retornou para José Boiteux ontem à noite, mas os mais jovens ficaram e voltam ao prédio a partir das 8h de hoje. Vão ficar até que os recursos, prometidos para amanhã, sejam liberados.

- Estamos cansados desta história: não tem remédio, o carro não fica na aldeia à noite, falta todo o tipo de assistência e a Funasa tem que dar jeito nisso - protestou José Ndili, uma das lideranças.

Uma das diretrizes da Funasa é promover a saúde dos povos indígenas, atuando com outras instâncias do governo federal e no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

- Não podemos esperar que nossos índios, sejam crianças ou adultos, morram e tudo fique como se fosse normal - observa Ndili.

- Os índios têm razão em seu protesto, pois foi repassado 50% do valor assinado, que é de R$ 12,3 milhões. Isso compromete o trabalho, pois cabe a nós contratar médicos, dentistas e enfermeiros. Até então tínhamos crédito, mas agora a situação fica mais complicada - explica Cleide Grando, coordenadora operacional do Projeto Rondon no Estado.

O Projeto Rondon é a organização não-governamental conveniada com a Funasa nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O convênio permitiu a contratação de 300 profissionais para atender os cerca de 40 mil índios que vivem na região.

Contraponto
O que diz o coordenador da Funasa em SC, Salvio Tonini
Salvio Tonini é coordenador da Fundação Nacional da Saúde (Funasa) em Santa Catarina. Ele nega que esteja faltando assistência médica na reserva Duque de Caxias e assegura a "presença da Funasa dentro das aldeias do Estado onde vivem cerca de 8 mil indígenas". Mesmo assim, admite que a região que engloba Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul sofre as conseqüências da falta de repasses do governo. Ontem, antes de se reunir com índios vindos de José Boiteux, prometeu tentar com a direção da Funasa, em Brasília, a liberação de recursos ainda que de forma emergencial. O distrito do Sul - que engloba os cinco estados - deveria receber cerca de R$ 12 milhões. Tonini disse estar gestionando de R$ 2 milhões a R$ 2,5 milhões. A promessa é de que o valor seja liberado amanhã.

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