Índios não vão deixar áreas invadidas

Os índios terenas que ocuparam a Fazenda Buriti no dia 22 de fevereiro afirmam que não sairão da propriedade, mesmo com ordem judicial em que foi determinada a reintegração de posse aos produtores rurais. Ontem, a diretoria da Fundação Nacional do Índio (Funai) recebeu a notificação da Justiça Federal e deve pagar R$ 2 mil de multa diária pelo descumprimento da decisão para os dois proprietários das fazendas São Sebastião e Buriti.
O chefe do posto indígena de Dois Irmãos do Buriti, Jorge Antônio Neves, esteve ontem na Fazenda Buriti conversando com as famílias que ocuparam a área e disse temer por um conflito entre os terenas e produtores. "Eles (índios) já estão preparados para isso, não acredito que vão sair da fazenda", afirmou. O coordenador regional da Funai, Márcio Justino, disse que a assessoria jurídica da entidade está elaborando o agravo de instrumento para recorrer da decisão na Justiça Federal. A reintegração de posse foi concedida pelo juiz substituto federal Sérgio Henrique Bonachela alegando que é preciso finalizar o processo administrativo por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para definir a propriedade das terras. As 180 famílias terenas devem sair das áreas das fazendas São Sebastião e Buriti, que juntas somam 703,5 hectares. Na ocupação, foram expulsas 15 famílias, entre colonos e produtores das propriedades Buriti, São Sebastião, Nossa Senhora e Sabiá.
O presidente do Sindicato Rural de Dois Irmãos do Buriti, Valdo Nantes, disse que, mesmo recorrendo da liminar, os índios têm que sair das terras dos produtores, mas não quis comentar como poderia ser o procedimento. O pagamento da multa diária foi imposto em R$ 1 mil para os autores da ação de reintegração de posse, os proprietários das fazendas São Sebastião e Buriti, totalizando R$ 2 mil. Cabe a eles executar a União para receber os valores.