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Índios mudam de idéia sobre área ocupada

A Gazeta de Vitória-ES
Autor: Zeniltom Custódio
06 de Ago de 2001

A área de 57,70 hectares localizada em Santa Cruz, município de Aracruz, reconhecida pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como terra indígena tradicional, não será berço de mais uma aldeia guarani, conforme os planos iniciais das comunidades locais.Os cinco caciques que comandam os grupos concentrados na região decidiram que o terreno deve ser aproveitado como extensão da aldeia guarani de Três Palmeiras, que ocupa 10 hectares de terra.A decisão frustra os sonhos do índio Pedro da Silva, o Peru, de 27 anos, de se transformar no mais novo cacique indígena capixaba. Guarani de Três Palmeiras, desde que a área foi ocupada, em agosto do ano passado, ele se transformou no principal guardião da terra, tendo sido o primeiro a se transferir para o local com a família. Pela coragem demonstrada ao defender o que os índios reivindicam como terra indígena, era quase certo que o destino de Peru como o novo cacique indígena estava traçado.Entretanto, os caciques de Aracruz consideraram que a criação de uma nova aldeia poderia complicar o processo de distribuição dos recursos estipulados pelo Termo de Ajustamento de Conduta assinado entre os índios e a empresa Aracruz Celulose, em março de 1998. Além disso, os líderes indígenas demonstraram interesse em preservar a área. Este ano, eles pretendem investir R$ 6 mil no plantio de mudas de árvores nativas e frutíferas, conforme destacou o cacique de Três Palmeiras, Nelson Carvalho. Mas as famílias da aldeia têm liberdade para tomar a decisão.A área de 57,70 hectares a ser incorporada ao território de Caieiras Velha, que abriga as aldeias de Caieiras Velha, Pau-Brasil, Irajá, Três Palmeiras e Boa Esperança, conserva ainda matas onde os tupiniquim e guarani coletam matéria-prima para a confecção de artesanato e de essências de uso fitoterápico. Compreendem também uma área de mangue, de onde os índios retiram caranguejos, mariscos e outros crustáceos usados na alimentação.TERRAThotham vai recorrer à JustiçaApesar da publicação no Diário Oficial da União, do parecer da Funai favorável às comunidades indígenas de Aracruz, as partes que se sentirem contrariadas com a decisão têm 90 dias para recorrer à Justiça. O terreno pertence à Prefeitura de Aracruz, que doou uma área de 20 hectares para a Thotham Mineração Ltda. O diretor-presidente da indústria, Clovis Bordini Racy, disse que irá recorrer. Funcionários da Procuradoria Geral Municipal não tinham conhecimento oficial do parecer.

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