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Índios mostram união, mas fazem acusações evasivas

Jornal Brasil Norte-Boa Vista-RR
07 de Fev de 2003

Mais de 700 indígenas de 10 etnias que vivem em Roraima participam da 32ª Assembléia dos Tuxauas, realizada pelo CIR. Mostraram-se satisfeitos com as garantias e promessas das autoridades federais presentes ontem no evento, essencialmente com a colocação do presidente da Funai, que assegurou definição em área única da Raposa/Serra do Sol.
A homologação dessa reserva foi a maior reivindicação dos 10 tuxauas que discursaram. Todos falaram brevemente de suas localidades, Surumu, Baixo Contigo, Serras, Wai-Wai, São Marcos, Raposa, Yanomami, Serra da Lua, Taiano e Amajari, partindo para denúncias de invasão na Raposa/Serra do Sol e ameaças contra famílias indígenas da região.

Mesmo apresentando preocupações legítimas, durante as duas horas que falaram, os tuxauas fundamentaram poucas denúncias, quase sempre de forma genérica, sem citar fatos concretos. Representante do Taiano e responsável por 12 comunidades, Jerônimo Macuxi, por exemplo, declarou que em algumas delas havia ou passava energia elétrica.
Continuou retirando dos índios a culpa pela permanência de estrangeiros em suas áreas no Estado. "Não temos culpa.

As autorizações são dadas pelas embaixadas de Brasília", disse Jerônimo Macuxi, enquanto que o tuxaua Inácio Brito, do Maturuca, criticou veementemente a presença das Forças Armadas nas reservas, mesmo antes da homologação.
"A instalação do pelotão do Exército em Uiramutã, dentro da Raposa/Serra do Sol, é uma invasão", desabafou Inácio Brito. Afirmou ainda que em Roraima 'não tem políticos a favor dos índios e que o desejo é ver as etnias dizimadas'. O tuxaua esqueceu, contudo, de falar sobre serviços essenciais prestados pelo Governo do Estado, como educação e saúde.

Armas
Representante da Raposa, o tuxaua Raimundo de Souza foi outro a criticar a presença das Forças Armadas, apesar da reserva estar em área fronteiriça e de soberania nacional. "Os militares têm invadido aldeias fortemente armados, quando o Exército é para defender a pátria e não para atacar povos indígenas". Não foi informado, porém, a data em que teria ocorrido.

Conflito
Rivelino Pereira, tuxaua da reserva São Marcos, denunciou a invasão da área já homologada e registrada, citando principalmente o Morro do Quiabo, próximo a sede de Pacaraima. "Trata-se de algo que está acabando com nascente de rios e afetando a sobrevivência dos índios, algo que tem gerado clima de tensão e conflitos na região", lamentou.

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