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Índios matam a pauladas 4 homens em aldeia em TO

O Globo, O País, p. 9
Autor: Evandro Éboli
17 de Dez de 2007

Índios matam a pauladas 4 homens em aldeia em TO
Servidores foram mortos ao tentar recuperar trator

Evandro Éboli

Índios da etnia apinajé, em Tocantins, são acusados de terem matado a pauladas quatro homens ligados à prefeitura de Cachoeirinha (TO), que entraram na aldeia Buriti Comprido para recuperar um trator que estava em poder dos indígenas. Os índios contaram à Polícia Militar de Araguaína (TO) que os homens teriam chegaram armados à aldeia e dispararam tiros para o alto. O crime ocorreu na tarde do último sábado. Entre as vítimas, dois eram secretários municipais da prefeitura: o secretário de Agricultura, Valfredo Rodrigues, de 32 anos, e o secretário de Finanças, Jonas Pereira, de 29.

Os corpos dos quatro foram liberados na tarde de ontem pelo Instituto Médico-Legal de Araguaína, que fica a 200 quilômetros da reserva indígena. Os outros dois assassinados foram Silveira Cordeiro da Silva, de 35 anos, e Guterre Leônidas de Souza, de 24 anos. Os dois prestavam serviços para a Prefeitura de Cachoeirinha.

Segundo a PM, um quinto invasor conseguiu escapar do golpe dos índios e fugiu.

Invasores já entraram atirando nos índios

A Polícia Militar informou ainda que o prefeito de Cachoeirinha, Messias Oliveira (PT), procurou a Fundação Nacional do índio (Funai) e a Polícia Federal e solicitou providências, que não teriam sido tomadas. Alguns dos homens que foram até Buriti Comprido seriam amigos do prefeito.
Segundo relato dos índios, os homens entraram atirando, e um deles já estava sentado no trator, pronto para removê-lo. Em seguida, os indígenas chegaram e, com bordunas, atacaram. Apenas dois invasores conseguiram escapar.

Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a Funai informou ontem que é proibida a entrada de pessoas não autorizadas nas aldeias e que é ilegal entrar com armas. Até o início da noite de ontem. a fundação ainda não tinha informações de seus servidores locais sobre o episódio.
Quando os homens invadiram a aldeia, cerca de noventa índios participavam de uma festa. Eles chegaram num Gol por volta das 16h30m. As mulheres indígenas foram as primeiras a reagir, e em seguida chegou um grupo de índios. Os aliados do prefeito estavam com revólveres e espingardas. Os índios as esconderam na mata e não as entregaram aos policiais. Um dos disparos feitos pelos homens atingiu de raspão o braço de um apinajé.

Agentes da Polícia Federal chegaram à reserva no início da noite de sábado e, a princípio, foram impedidos pelos índios de entrarem. Somente depois de duas horas e muita negociação. os indígenas permitiram ao menos que os policiais retirassem os corpos do local do ataque.

Trator foi levado pelos índios há duas semanas

O trator foi levado há duas semanas para a aldeia. Os índios acusam o prefeito Messias de não cumprir a promessa de construir uma estrada na proximidade da aldeia e de instalar energia elétrica.

O chefe do posto da Funai em Tocantinópolis, Josivan da Silva, informou que, com medo de uma reação da população, os índios deixaram a aldeia e foram para outra, de nome Buriti, que fica a um quilômetro de Buriti Comprido.

O Globo, 17/12/2007, O País, p. 9

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