Índios mantêm ocupação na Sesai em Belém

Numa reunião tensa, que durou a tarde inteira no auditório do Ministério Público Federal, em Belém, lideranças indígenas exigiram a saída da coordenadora de saúde do distrito Guamá-Tocantins Daniela Soares Cavalcante. Ao secretário substituto da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), Fernando Rocha, lideranças tembé, assurini, caapó e gavião manifestaram ser essa a principal reivindicação das comunidades indígenas.

Como não houve acordo e o secretário Fernando Rocha saiu da sede do Ministério Público Federal sem informar aos índios, a decisão das lideranças foi a de voltar a ocupar o distrito especial de Saúde Indígena em Belém.

Daniela Cavalcante há um ano vem desagradando as comunidades indígenas. "Se ela tivesse fazendo um serviço direito ficava, mas ela está sendo ruim para nós", diz a liderança Piná Tembé. De acordo com as lideranças, as aldeias estão sem repasse de medicamentos que, ou chegam com atraso ou com prazo de validade vencido. Num documento assinado por 14 lideranças, os índios entregaram a Fernando Rocha algumas das reivindicações que nos últimos meses se tornaram prioridade nas aldeias.

Os índios denunciam a falta de ambulâncias, a ausência de medicamentos, o aumento do número de contratações de terceirizados para os serviços de saúde e que estão sendo obrigados a comprar medicamentos do próprio bolso. "Hoje não temos um carro que possa pegar os doentes nas aldeias, mas tem 13 milhões no orçamento do distrito Guamá-Tocantins, mas onde esse dinheiro foi parar?", questiona Neto Tembé, uma das lideranças.

"Estamos aqui para ouvir as reivindicações", disse Fernando Rocha, antes de a reunião começar. O clima ficou tenso logo no início. Quando o secretário deu a palavra às lideranças indígenas, o tom foi único: o afastamento de Daniela Cavalcante. "Se você não tem poder pra decidir isso, então nem adianta a gente conversar", exaltou-se o cacique Naldo Tembé.

ÂNIMOS

A partir daí os ânimos foram acirrados. "Não viemos para debater, se for o caso vamos até Brasília para falar com quem resolve", disse a índia América. Fernando Rocha ameaçou então encerrar a reunião. "Vim de Brasília até aqui para discutir com vocês e ouvir o que vocês tem a dizer", disse o secretário.

As lideranças indígenas estão em Belém há mais de uma semana. Depois de horas de discussão, o secretário fez uma reunião paralela com o coordenador da Funai Juscelino Bessa, mas logo em seguida saiu de sala e não mais retornou. Até às 19h30, os índios ainda permaneciam na sede do MPF esperando uma resposta que não veio. Os índios mantêm a ocupação do distrito de saúde.

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