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Índios mantêm luta por terreno

CB, Brasil, p. 15
13 de Mar de 2008

Índios mantêm luta por terreno
MPF será acionado para investigar suposta violência da PM no cumprimento da reintegração de posse. Famílias de sete povos indígenas acampam às margens da área em disputa e prometem resistência

Paloma Oliveto
Da equipe do Correio

Ainda traumatizados com a operação policial ocorrida na manhã de terça-feira, os índios que ocupavam irregularmente uma área de 182 mil metros quadrados no Bairro Santa Etelvina, Zona Norte de Manaus, resolveram montar acampamento às margens do terreno, localizado no Km 11 da rodovia AM-010. De acordo com o cacique Sebastião Kokama, que teve sua cabana destruída pela PM, eles não sairão do local, mesmo temendo reviver as cenas de violência. "Enquanto não mostrarem um documento provando que a terra não é nossa, não saímos", afirma.

Em dezembro passado, 105 índios dos povos Sateré Mawé, Tikuna, Cocama, Munduruku, Dessana, Kanamari e Baniwa montaram casas improvisadas no terreno, uma propriedade particular em área de proteção ambiental. Sebastião Kokana garante que algumas famílias já moravam no lugar havia décadas. Há dois dias, 150 homens da PM deflagraram uma operação para desocupar a área.

Os índios dizem que, durante oito horas, passaram por momentos de terror e foram golpeados com cassetetes. A procuradora federal Eliane Saffair, da Fundação Nacional do Índio (Funai), prometeu enviar ao Ministério Público Federal (MPF), dentro de alguns dias, um pedido de investigação sobre a ação da PM. A procuradora atesta que vários índios foram agredidos pela polícia. Ela vai incluir no processo que enviará ao MPF os resultados dos exames de corpo de delito feitos pelos indígenas, que confirmariam a violência policial. A PM diz, porém, que estava apenas cumprindo ordens e nega os abusos.

CB, 13/03/2008, Brasil, p. 15

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