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Índios lutam pela inserção social

Correio do Povo-Porto Alegre-RS
Autor: Camila Granzotto Dias
19 de Abr de 2006

No RS, são cerca de 26 mil, a maioria caingangues e guaranis. No Brasil, população chega a 200 mil

O Dia do Índio, comemorado em 19 de abril, suscita uma série de questionamentos sobre a situação desses povos. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), dos aproximadamente 4 milhões de índios que habitavam o Brasil na época do descobrimento, restam 200 mil, distribuídos em 210 povos e falando quase 170 dialetos. No RS, são cerca de 26 mil índios, a maioria caingangues e guaranis, localizados em áreas como Lagoa dos Patos, Barra do Ribeiro, Ijuí, Nonoai, Passo Fundo e Porto Alegre.

A diretora do Museu Antropológico do Rio Grande do Sul, Maria Helena Nunes, comenta que os caingangues são um povo guerreiro, que vive em grandes territórios, caçando, pescando e coletando. Também informa que os guaranis se concentram em matas e cultuam mais sua religiosidade. A luta dos índios pela terra é ainda uma grande dificuldade. Ela ressalta a participação de alunos indígenas nas universidades gaúchas. 'Os caingangues ainda estão em maior número, cursando Direito, Terapia Ocupacional, Nutrição e Educação Física.' Existe apenas uma cacique no RS, na região de Estrela.

O coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Cultura Indígena da PUCRS, Edison Hüttner, acredita que a realidade do índio na área social não se modificou. Para ele, falta diálogo dessa população com setores públicos e privados, além da necessidade de capacitação de pessoas para trabalhar com sua língua. 'O poder público não pode ficar indiferente porque os índios fazem parte da cultura gaúcha', defende.

Segundo Hüttner, a sociedade precisar fazer uma releitura do papel dos índios na história. 'Eles são um povo aberto, com identidade própria e ideais de vida dentro de suas aldeias', diz, alertando que fatores como a economia indígena não são levados em consideração. 'Quando se compra um balaio de um índio, ele revela sua identidade, desde a maneira como o cipó é empregado para confeccionar o objeto.' O núcleo coordenado por Hüttner trabalha na tribo cocama, na aldeia Sapotal, limite entre a Amazônia brasileira, Peru e Colômbia. Por pinturas e roupas tradicionais, os pesquisadores resgatam a identidade desse povo, que conta com a população de 15 mil índios.

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