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Índios libertam reféns e agora vêm a Cuiabá

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: CARLOS MARTINS
08 de Set de 2003

Uma comissão indígena liderada pelos parecis, representando as reservas Pareci e Utiariti, localizadas no Médio-Norte, vem até Cuiabá nesta quarta-feira para tentar achar uma solução que envolve o atendimento na área da Saúde. Este foi um dos assuntos tratados no fim de semana entre uma equipe da Funai de Brasília e representantes do governo do Estado, cujos contatos resultaram na liberação de cinco funcionários da Funai de Tangará da Serra que eram mantidos como reféns desde a noite de terça-feira (02/09).

Com os entendimentos, houve também o desbloqueio da rodovia "Nova Fronteira", a MT-235, que liga Tangará da Serra aos municípios de Campos Novos do Parecis e Sapezal, no Médio-Norte do Estado e ficou interditada desde o dia 31 de agosto. Os funcionários foram levados como reféns quando estavam negociando a liberação da estrada.

O bloqueio e a detenção dos funcionários foram para chamar a atenção para a difícil situação em que vivem os indígenas. Eles reclamam do péssimo atendimento na área de saúde e, a despeito do tamanho da reserva, da escassez de alimentos, já que a região é pobre em caça, fruta e peixes.

A situação agravou-se diante da decisão do Ministério Público Federal de proibir as parcerias entre os índios e produtores rurais da região de Tangará da Serra de promoverem o plantio mecanizado nas terras indígenas.

No encontro com indígenas, que só foi concluído no domingo, ocasião em que os reféns foram liberados, ficou acertado que a Funai dará anuência para que os índios obtenham financiamentos no Banco do Brasil para a compra de equipamentos e insumos. "Foi assinada uma portaria e só falta agora alguns detalhes para que o financiamento seja liberado pelo Banco do Brasil", disse o administrador da Funai em Tangará da Serra, Daniel Cabixi. Segundo ele, a área que será utilizada para o plantio representa apenas 0,05% da área total, que é estimada em 1,1 milhão de hectares. A assistência técnica e orientação poderá ser dada pela Empaer.

A comissão enviada pela Funai de Brasília e governo do Estado chegou na sexta-feira em Tangará da Serra. À noite eles foram para a aldeia Bacaval onde iniciaram as negociações. Participaram da reunião o coordenador de Desenvolvimento Comunitário, Ronaldo Lima de Oliveira, o coordenador-geral de Patrimônio Indígena e Meio Ambiente, Elcio Marcelo de Souza, e a procuradora Ana Maria Carvalho. Já representando o governo do Estado, participaram das negociações o superintendente ouvidor da Superintendência de Política Indígena, Idevar José Sardinha, e o presidente da Empaer, Aréssio Paquer, além do prefeito de Sapezal e representantes da Funai de Tangará da Serra e da prefeitura de Campo Novo do Parecis.

Cerca de 1.800 índios das etnias pareci, nambikwara e irantxe, espalhados em 42 aldeias, ocupam 1,1 milhão de hectares que compreendem as áreas indígenas de Utiariti e Parecis.

De acordo com o superintendente-ouvidor da Superintendência de Política Indígena, Idevar José Sardinha, os índios estão reclamando muito com a falta de uma política adequada na área da saúde. Praticamente não existem mais remédios nas aldeias. Em fins de abril, os índios conseguiram autorização para deixarem de ser atendidos pela ong Trópicos, escolhida pela Funasa para ser a responsável pelo atendimento. "Eles mesmos querem administrar a saúde. E isso começará a ser discutido em Cuiabá num encontro nesta quarta-feira com o governo do Estado e também na Funasa", disse Idevar Sardinha.

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