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Índios lembram Sepé e pedem terras

Correio do Povo-Porto Alegre-RS
Autor: Carina Fernandes
08 de Set de 2004

Em São Gabriel, guaranis reclamaram da situação atual e anunciaram mobilização

Uma cerimônia junto ao local onde morreu o líder indígena Sepé Tiaraju, em São Gabriel, em 7 de fevereiro de 1756, marcou ontem o Grito do Povo Guarani pelo reconhecimento de seus direitos à terra. Cerca de 120 índios de quatro aldeias de Porto Alegre (Cantagalo, Estiva, Itapuã e Lomba do Pinheiro) participaram da cerimônia na Sanga da Bica, que, além de homenagear o líder morto, pedia a imediata demarcação de terras no RS, onde vivem atualmente cerca de 2,2 mil guaranis. Apenas cinco áreas estão regularizadas no Estado.

O cálculo é que haja mais 37 áreas às quais os índios teriam direito, diz o coordenador-geral do Movimento Indígena Guarani do Estado, Maurício Gonçalves, que, na língua da tribo, se chama Karai Tataendy (fogo brilhante). 'Fomos expulsos de nossas terras e hoje vivemos em beiras de estrada, passando por dificuldades', protestou. O ato integra a preparação das homenagens aos 250 anos da morte de Sepé Tiaraju, a serem lembrados em 2006.

Da entrada da cidade até o lugar onde o líder tombou, depois de ser atingido por oficiais dos exércitos espanhol e português na luta pelos Sete Povos das Missões, os índios realizaram caminhada silenciosa. No local, a placa indica o sentimento ao lutarem pelas suas terras: 'Ogué! Co ivi redó yara!' (Fora! Esta terra tem dono!). Em apresentações de música e dança, cantaram a esperança de reaver as terras para manter suas famílias com dignidade. A intenção, a partir da cerimônia de ontem, é intensificar as manifestações para pressionar o governo federal a promover a demarcação das terras. Os índios visitaram ainda a Coxilha do Caiboaté, a 20km de São Gabriel, onde foi travada uma das batalhas mais sangrentas, que resultou na morte de 1,2 mil guaranis que queriam vingar a morte de Sepé Tiaraju três dias depois de seu falecimento.

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