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Índios Kayapó montam acampamento para evitar ação de grileiros

Agência Brasil
29 de Ago de 2006

Os invasores da Terra Indígena Kayapó, no sul do Pará, persistiram na ilegalidade. Depois de serem expulsos durante a Operação Kayapó, no início do mês, eles voltaram ao local e esboçaram uma resistência, ateando fogo ao acampamento montado no local pelas autoridades. Para evitar a repetição do problema, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e os índios kayapó resolveram ocupar o local permanentemente, com uma equipe mista. "Saímos de lá por dois dias. Foi um cidadão de caminhonete e queimou o barraco", conta Eimar Araújo, coordenador da operação. "Agora colocamos uma corrente grossa, não tem mais como entrar carro". A estratégia de vigilância ainda não foi acertada, mas a idéia é fazer
um rodízio, deixando sempre no local um índio e um funcionário da Funai, dificultando eventuais subornos ou outras irregularidades. A Operação Kayapó, articulada pela Funai, Ibama e Polícia Federal, descobriu até agora 19 trabalhadores, sete suspeitos de serem mandantes e cinco possíveis grileiros com alguma participação na invasão. Na semana passada, o presidente da Funai, Mèrcio Pereira Gomes, foi acompanhar junto aos índios kayapó o balanço da operação de retirada de invasores.

A diretora de Assuntos Fundiários da Funai, Nadja Bindá, vê a necessidade de se manter uma equipe da fundação permanentemente na região para incentivar os índios a manterem o acampamento ocupado. "É normal que eles (kayapó) tenham um temor de assumir a frente de uma operação dessa, mas vai ter que ser construída com eles uma estratégia
de ocupação", afirma a diretora. "Não dá para saber ainda qual, pode ser uma roça, um cultivo de frutíferos, algo para forçá-los a estabelecer uma rotina de se deslocar da aldeia até o local."

A operação já foi prorrogada por 15 dias, até 13 de setembro, e a meta é mantê-la até novembro, quando começam as chuvas e que devem se estender até abril ou maio. Durante este período, os índios e a Funai acreditam que a terra kayapó estaria livre de invasores devido à dificuldade de montar estratégias sob as fortes precipitações. Assim,
ganhariam tempo para o planejamento de uma estratégia definitiva para livrar o local de garimpo, grilagem e extração ilegal de madeira, os três alvos da Operação Kayapó.

No entanto, o coordenador de Patrimônio e Meio Ambiente da Funai, Izanoel dos Santos, aponta que podem haver dificuldades de manter a operação caso não haja recursos específicos para essa fase. "O orçamento do governo brasileiro vai acabar em setembro, aí vai esperar aquele crédito suplementar que só sai em dezembro. Uma equipe dessa
custa grana, você pode espremer, espremer e conseguir mais agosto, setembro, no máximo até metade de outubro."

O orçamento do primeiro mês da operação, segundo ele, foi R$ 112 mil. Santos, no entanto, pondera que este valor cairia de agora em diante, pois poderia ser reduzido o número de funcionários e não seria mais necessário manter um avião constantemente no local.

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