Gazeta de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: Ana Drumond
04 de Abr de 2003
Atividades madeireiras, grileiros e garimpeiros, espantam grupo de índios desconhecidos em Colniza
A atuação de garimpeiros e empresas madeireiras na região entre o Rio Pardo e o igarapé Serra Morena, no município de Colniza (a 1.080 quilômetros de Cuiabá), põe em risco a sobrevivência de um grupo de índios isolados. A Fundação Nacional do Índio (Funai) tenta, desde 1999, data das primeiras informações sobre esta população, fazer contato para garantir a integridade física e terras para a sobrevivência.
Expedições realizadas por funcionários da Funai encontraram vestígios dos índios, cuja etnia é ainda uma incógnita. Na primeira visita à área, durante dez dias de observações e buscas na mata, foram localizadas três malocas abandonadas, uma tocaia e diversos utensílios indígenas, além da presença de galhos quebrados, identificados como sinalização de rumos deixados por eles.
Marcações de caminhos espaçados, procurando dissimular a presença no local, foram outros indícios, sendo um procedimento adotado como forma de confundir perseguidores, como relata um dos participantes desta expedição, o sertanista e assessor da Unesco na Funai, Wellington Gomes Figueiredo, do Departamento de Índios Isolados.
Segundo ele, as investigações feitas até agora indicam uma população entre 15 a 20 pessoas, que vive sob a pressão intensa de garimpeiros, madeireiros e grileiros. Na tentativa de manter a sobrevivência, vivem fugindo dos agentes econômicos. Correm o risco de se tornar mais um grupo étnico a ser extinto no país.
De acordo com o sertanista, é grande a preocupação com o futuro destas pessoas, tendo em vista que as mulheres evitam engravidar e os mais velhos têm dificuldade em acompanhar as fugas. Para evitar a dizimação, a alternativa defendida por Figueiredo é o contato, dificultado pela desconfiança dos índios em relação a qualquer homem "branco", visto por eles como ameaça, diante da perseguição que sofrem. "É lastimável a situação desses índios, que vivem sem a garantia da integridade física e cultural", diz.
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