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Índios invadem fazenda e fazem reféns no TO

OESP, Nacional, p. A6
14 de Jun de 2004

Índios invadem fazenda e fazem reféns no TO
Crahôs-canelas reivindicam demarcação da área, que, segundo eles, é de seus antepassados

IVONETE MOTTA

As Polícias Militar e Civil do Tocantins e uma equipe formada por 14 agentes e um delegado da Polícia Federal cercam uma área que foi ocupada pelos índios crahôs-canelas, na madrugada de quinta-feira, na Fazenda Planeta, no município de Cristalândia, a 300 km de Palmas. Eles reivindicam a demarcação de uma reserva da qual teriam sido expulsos no começo do século passado. Até o fim da tarde de ontem, os índios mantinham dois oficiais de Justiça reféns. Em negociação anterior eles liberaram três funcionários de uma empreiteira, que faziam serviço de eletrificação rural na região e uma equipe de televisão repetidora da TV Cultura no Estado.
O grupo reivindica a presença de representantes da Fundação Nacional do Índio (Funai) para dar prosseguimento às negociações. Eles exigem a divulgação de um laudo antropológico encomendado pela Funai, que confirmaria a existência da etnia e sua origem na região. Diante dessa constatação, querem a demarcação da área onde estariam enterrados seus antepassados.
Esperança - O superintendente da Polícia Federal no Tocantins, Rubens Patury Filho, informou que no fim da tarde de ontem 300 pessoas permaneciam no local entre índios e não-índios. Disse ainda que índios de outras etnias estariam se deslocando para prestar solidariedade aos crahôs-canelas. Segundo ele, os ocupantes ameaçaram incendiar veículos e até mesmo a fazenda, que está em nome de Gurupi Participações. A empresa conseguiu um mandado de reintegração de posse, expedido por um juiz de Cristalândia, e os oficiais de Justiça se deslocavam para fazer a citação ao grupo, quando foram feitos reféns.
Segundo Patury, o esforço da PF e de outros negociadores, como representantes do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia e religiosos, era para libertar os reféns ainda ontem. A desocupação deve ser negociada hoje. O procurador da República Israel Gonçalves também se deslocou para a área a fim de acompanhar o caso.
A esperança dos crahôs-canelas foi reavivada em 2002 quando sua etnia foi reconhecida oficialmente. Desde então vivem na expectativa de ter sua própria terra.

OESP, 14/06/2004, Nacional, p. A6

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