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Índios invadem 14.ª fazenda no sul de MS

OESP, Nacional, p. A9
14 de Jan de 2004

Índios invadem 14.ª fazenda no sul de MS
Caiovás-guaranis tomaram mais duas propriedades entre Iguatemi e Japorã

João Naves de Oliveira
Especial para o Estado

Índios caiovás-guaranis invadiram ontem mais duas fazendas nas cidades de Iguatemi e Japorã, em Mato Grosso do Sul. Desde o início da onda de ocupações, no dia 18, eles já tomaram 14 propriedades rurais na região, todas vizinhas da Aldeia Porto Lindo. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), a área total invadida chega a 9.600 hectares.

Os quatro caciques que lideram as invasões avisaram as autoridades que só deixarão o local mortos. O recado deixou em alerta a Justiça Federal e as Polícias Militar, Civil e Federal.
Os índios percorrem a região a cavalo e prendem qualquer pessoa que se aproximar. De acordo com denúncias na Delegacia de Polícia Civil de Naviraí, cidade próxima de Japorã, nenhum fazendeiro expulso consegue retirar seus pertences nem saber sobre os seus rebanhos e lavouras.

Recurso - O advogado Osmar Silva, que representa parte dos proprietários, vai protocolar hoje no Tribunal Regional Federal (TRF) da 3.ª. Região, em São Paulo, recurso contra a decisão do juiz federal Odilon de Oliveira de manter os índios nas áreas ocupadas. Ontem, Odilon disse que não houve clima para decidir a questão.

Os advogados dos proprietários de cinco fazendas invadidas pelos caiovás-guaranis na fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai comunicaram ontem ao juiz Odilon a decisão de suspender as negociações para a desocupação pacífica das terras. No encontro realizado ontem à tarde, no Fórum de Dourados, o juiz esperava discutir com os fazendeiros novas propostas para evitar que uma possível operação de despejo resultasse em confronto.
Os advogados alegaram falta de garantia para o cumprimento de eventual acordo e insistiram no julgamento das ações de reintegração de posse visando ao despejo dos invasores. O juiz deverá anunciar hoje sua decisão.

Caso seja decretado despejo, caberá à Polícia Federal executar a operação. A PF deve requerer um prazo maior, pois precisará de reforços.

Terrorismo - "Os índios estão exercendo o mais escrachado terrorismo", disse o presidente do Movimento Nacional dos Produtores Rurais, João Bosco Leal. Ele acusou a Igreja de incitar invasões pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Para o coordenador do Cimi Jorge Vieira, porém, o governo federal é o culpado por toda a crise. "O Cimi é uma instituição que defende a causa indígena, mas estritamente dentro da Constituição."

OESP, 14/01/2004, Nacional, p. A9

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