Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: DARCI DEBONA
14 de Set de 2005
Ampliar a área ocupada na região de Toldo Pinhal é o objetivo das lideranças indígenas
Enquanto não recebem uma resposta positiva de Brasília, as lideranças indígenas prometem intensificar a mobilização em Seara, onde já trancaram duas estradas na segunda-feira e uma terceira na manhã de ontem. Os bloqueios são na Linha Gramado, Linha Nova Brasília e Linha Ferrenz.
Caciques e representantes de seis aldeias de Santa Catarina e do Paraná estiveram, ontem, na sede da administração da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Chapecó. Eles reivindicam a portaria declaratória do Ministério da Justiça ampliando a área de Toldo Pinhal, de 880 para 4,8 mil hectares. A ampliação iria abranger 300 agricultores dos municípios de Seara, Arvoredo e Paial.
O relatório da Funai que reconhece a área como de tradição indígena foi encaminhado ao Ministério da Justiça em 7 de janeiro. O administrador regional da Funai, João Batista Oselame, disse que encaminhou solicitação à intervenção da presidência da fundação junto ao Ministério da Justiça.
Ele recebeu fax informando que o assunto estava com o diretor fundiário e que, no dia 26 deste mês, haverá uma audiência com o governador Luiz Henrique da Silveira para tratar da questão indígena em Santa Catarina.
Um novo bloqueio pode ocorrer hoje
Os caciques ficaram insatisfeitos e encaminharam, por fax, ao Ministério da Justiça, um documento onde pedem uma posição urgente, alertando para a possibilidade de conflitos.
Um novo bloqueio deve ocorrer na manhã de hoje, no acesso de Chapecó a Paial. Com isso, Paial pode ficar sem ligação com Chapecó. Cerca de 260 índios já estão mobilizados. O cacique de Palmas (PR, Albino Viri, disse que mais indígenas estão se deslocando para a região.
Os agricultores estão preocupados com a situação. Pelo menos cem famílias estão ilhadas e algumas já começam a sentir a escassez de alimentos. Eles realizaram uma reunião, ontem, na Linha Pinhal e vão encaminhar um documento à Funai de Chapecó exigindo o direito de "ir e vir". Nem a pé eles conseguem passar.
Darci Aigner disse que não tem como escoar sua produção diária de 350 litros de leite. Até amanhã ele tem onde estocar, mas depois terá que jogar fora o produto. O prefeito de Seara, Edmilson Canale, foi na Justiça Federal de Concórdia solicitar a liberação do tráfego.
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