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Índios fecham posto fiscal no Contão

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: RIBAMAR ROCHA
20 de Abr de 2004

Mais de 800 índios das comunidades da Raposa/Serra do Sol e São Marcos fecharam, desde a manhã de ontem, a estrada que dá acesso à maloca do Contão, no município de Uiramutã. A informação foi dada pelo tuxaua Anízio Filho, presidente da Alidcir (Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima).

Segundo ele, o fechamento da estrada ocorreu em virtude do não comparecimento dos representantes da Funai, Ministério Público e da Polícia Federal numa reunião que seria realizada na manhã de sábado, na maloca do Contão, comunidade indígena que é contra a homologação da reserva indígena em área única.

"Fizemos o convite aos representantes desses órgãos, mas eles não compareceram nem deram satisfação", disse. "Por essa razão os tuxauas da região resolveram, em assembléia, levantar as correntes e formar a barreira", afirmou.

O tuxaua explicou que a reunião seria para definir sobre o reinício das atividades do posto de fiscalização instalado na região Ponta da Serra, na entrada para o município de Normandia.

"Queria deixar claro que os indígenas não são contra a presença de federais no posto de fiscalização, mas queremos participar das atividades do posto", ressaltou.

Anízio afirmou ter conhecimento que existe uma barreira formada por índios ligados ao CIR (Conselho Indígena de Roraima), que defendem a homologação da reserva em área única, na ponta da serra da Pedra Branca.

RESERVA - Sobre a homologação da reserva Raposa/Serra do Sol, Anízio Filho voltou a defender a demarcação em ilhas, embora tenha deixado escapar que aceitaria a demarcação em área contínua.
"Contanto que sejam preservados as estradas, as vilas, municípios e áreas produtivas", disse. "Caso contrário, será um grande prejuízo para o Estado e para nós que defendemos o desenvolvimento e queremos fazer parte dele", afirmou.
DIA DO ÍNDIO - O presidente da Alidcir disse que o índio tem pouco a comemorar no seu dia, celebrado ontem em todo o país. Embora reconheça avanços em algumas áreas benéficas para o índio, por outro lado lamenta que algumas lideranças estejam "na contra-mão da história".
"Justamente por ver a situação de abandono em que se encontram os índios Yanomâmi e os Waimiri-Atroari é que lutamos para não ter o mesmo destino", disse. "Queremos a paz e harmonia com todos os povos e a possibilidade de produzir e vender nossa produção", destacou. (R.R)

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