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Índios fazem servidores de reféns

O Globo, O País, p. 4
27 de Mai de 2008

Índios fazem servidores de reféns
Sede da Funasa e da Funai em Cuiabá e Miranda são ocupadas por indígenas

Anselmo Carvalho Pinto e Paulo Yafusso

Dois diretores da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e dois funcionários da Fundação Nacional do índio (Funai) passaram mais de 11 horas como reféns de índios ontem, em Cuiabá (MT) e Miranda (MS), a 194 quilômetros de Campo Grande. Em Cuiabá, cerca de 75 índios de duas etnias invadiram a sede da Funasa de manhã, impedindo que 120 servidores entrassem. Os funcionários só foram libertados no início da noite, mas os índios continuaram ocupando o imóvel, onde passariam a noite.
Em Miranda, os funcionários da Funai foram feitos reféns de manhã, por 200 índios terenas da aldeia Moreira, numa tentativa de forçar o governo federal a acelerar a demarcação de terras na região. Os funcionários foram libertados no inicio da noite.
- A comunidade resolveu se articular e dar um ultimato; queremos uma resposta para a demarcação da nossa área - disse o cacique João Metelo.
Em Cuiabá, os índios disseram só sairão da Funasa após as reivindicações serem atendidas.
Os índios irantxes e mikis cobram da fundação a liberação de parcela de R$ 887,1 mil para a organização ONG Operação Amazônia Nativa (Opan), que terceiriza o atendimento de saúde a três etnias em Mato Grosso.
- Sem este dinheiro, não há como fazer o atendimento em nossas aldeias - disse o índio Mário Gilson Irantxe.
O contrato entre a Funasa e a ONG é de 2004 e vem sendo prorrogado ano a ano. Neste período, a Opan recebeu cerca de R$ 6,567 milhões. Segundo o coordenador do distrito sanitário indígena de Cuiabá, Paulo Almeida, a demora se deve ao atraso na prestação de contas e a entraves burocráticos.
- A Funasa não vai repassar o dinheiro enquanto a prestação de contas da Opan não estiver devidamente avaliada.
Em Mato Grosso do Sul, os terenas reivindicam a incorporação de 400 hectares das pequenas propriedades do entorno da terra indígena Pilad Rebuá, área que compreende 208 hectares, onde vivem cerca de mil indígenas. Os índios exigiam a presença do administrador da Funai de Campo Grande, Claudionor do Carmo Miranda.

O Globo, 27/05/2008, O País, p. 4

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