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Índios fazem fazendeiros reféns em Mato Grosso do Sul

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: JOÃO NAVES OLIVEIRA (Colaborou Maura Campanilli)
28 de Ago de 2003

Eles foram liberados depois de passar cinco horas amarrados; terenas invadiram 11 áreas

O ex-candidato a governador de Mato Grosso do Sul Ricardo Bacha e dois parentes próximos do presidente da Federação da Agricultura do Estado, Leôncio Brito, foram amarrados e mantidos como reféns durante cinco horas pelos índios terenas da Aldeia Buriti - localizada no município de Sidrolândia, a 140 km de Campo Grande. Foi a atitude mais violenta dos índios desde segunda-feira, quando iniciaram uma série de invasões de fazendas na região.

"Eles foram humilhados", disse Brito. "Enquanto a situação não for resolvida, os índios vão continuar lá, destruindo o trabalho dos produtos e matando o nosso gado."

Bacha, que também já foi secretário estadual da Fazenda, é o proprietário da Fazenda Buriti, ocupada desde a terça-feira pelos índios. Ele havia ido ao local, na companhia de outros, proprietários, para verificar os estragos que teriam ocorrido com a ocupação. Depois de libertado ele foi à delegadia de Sidrolândia registrar queixa. "Invadiram minha casa e destruíram tudo", disse.

Desde segunda-feira, os terenas, em cuja aldeia vivem 540 pessoas, ocuparam 11 propriedades rurais na região. Em represália, na terça-feira os fazendeiros fecharam as estradas que dão acesso às propriedades, impedindo a passagem dos índios. Isso elevou a temperatura do conflito, que agora está sendo controlado com a presença de policiais militares e federais na região.

Foram eles que libertaram os reféns, ontem à tarde.

No total já ocuparam 11 delas. Na terça-feira nvadiram 11 propriedades rurais no município e prometem novas invasões nos próximos dias. Eles querem que a Funai aja de maneira mais rápida na demarcação das áreas indígenas da região.

Segundo o presidente da Federação da Agricultura, os índios estariam tentando atropelar o processo judicial do qual depende a definição dos limites das terras agrícolas. "O caso está sub judice", disse.

De maneira geral, os terenas seguem uma orientação nacional do movimento indígena, que reclama da lentidão do atual governo no atendimento de suas reivindicações, especialmente as que se referem à demarcação de terras.

Parque - Na Bahia, um grupo de índios pataxós, com aproximadamente 50 famílias, continua ocupando o setor leste do Parque Nacional do Descobrimento, no município do Prado. Os índios fecharam o acesso à região e não admitem a entrada de representantes do Ibama no local.

Esta foi a segunda invasão indígena na unidade de conservação neste ano.

Os índios alegam que já viviam na área e tinham sido expulsos do local pela Brasil-Holanda, empresa que vendeu as terras do parque ao Ibama. A ocupação traz riscos ao parque, o maior fragmento protegido de Mata Atlântica do Nordeste, com área de 21.129 hectares.

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