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Índios fazem exigências para desbloquear BR-222

O Liberal-Belém-PA
Autor: Nilson Santos
23 de Out de 2004

Depois de mais de 48 horas obstruindo trecho da rodovia BR-222, entre Marabá e Bom Jesus do Tocantins, no sudeste do Pará, no final da tarde de anteontem os guerreiros Gavião-Parakatêgê resolveram liberar a rodovia. Mas só depois de reunião no Ministério Público Federal (MPF) quando os líderes indígenas receberam a garantia de que suas reivindicações serão atendidas. Uma delas é a desativação do balneário Flexeira situado no rio do mesmo nome e localizado bem no limite com a reserva dos Gavião. Ontem mesmo aconteceu outra reunião do grupo de trabalho representado pela comunidade indígena, Polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal, Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre (Denit) e Ministério Público Federal para discutir o cumprimento do acordo firmado na quinta-feira para a liberação da rodovia.

A BR estava interditada desde o início da tarde de terça-feira em protesto pela morte da índia Kátia Gavião durante tentativa de assalto na ponte sobre o rio Flexeira. Informações dão conta que os bandidos passaram a tarde bebendo no bar do balneário, aguardando o momento da passagem dos índios que estavam em uma Frontier vermelha, da comunidade indígena. É provável que algum membro da quadrilha tenha ficado em Morada Nova, a três quilômetros da ponte, de onde observou a passagem dos índios e avisou o restante do bando. Uma mulher teria testemunhado o ataque dos assaltantes.

Na reunião de quinta-feira ficou acertado que a investigação para tentar descobrir os autores da tentativa de assalto e da morte da índia será feita de forma conjunta, entre as Polícias Civil, Federal e Militar. Também ficou acertado que será retirada as lombadas das cabeceiras das pontes que ficam dentro da reserva, que serão substituídas por sinalizadores. Outras reivindicações exigem a instalação de radar móvel naquele trecho da rodovia e o compromisso do Denit em fazer a recuperação e manutenção das pontes.

Durante a reunião de ontem, o superintendente de Polícia Civil, Helson Dantas, informou que o bar Flexeira já foi fechado pela Departamento de Polícia Administrativa (DPA). Segundo ele, o bar não tinha autorização do Denit e nem da Polícia Rodoviária Federal para funcionar. Só tinha licença da prefeitura, que segundo ele, não tem competência para isso, por se tratar de área federal. O delegado informou ainda que vai pedir a interdição do bar, que deve ser demolido. O local, segundo relatório da PF, vinha servindo também de ponto de consumo e venda de droga.

Na reunião de ontem ficou acertado a elaboração da logística de patrulhamento da rodovia, que será feita pelas Polícias Federal, Militar e Civil. Por medida de segurança, desde ontem os veículos dos índios que se deslocam entre Marabá e a aldeia, estão recebendo escolta por viaturas da Polícia Federal. Essa escolta está sendo em horário escolar e quando for feito o transporte de valores. O Denit se comprometeu em recuperar as pontes e os trechos ruins da rodovia na área de reserva dos índios. A verba para as obras ainda não foi definida, coisa que deve ocorrer dentro de um mês. A próxima reunião de avaliação e definição da pauta exigida pelos índios acontece no dia 19 de novembro.

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