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Índios expulsos pedem intervenção da Funai

CB, Cidades, p.18
03 de Mai de 2004

Índios expulsos pedem intervenção da Funai

Da Redação

Expulsos da Casa do Índio depois de uma briga com integrantes de outra tribo, 80 índios das tribos fulni-ô e articun estão há dois dias acampados em frente à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), entre as quadras 702 e 902 Sul. Na manhã de hoje, representantes do órgão vão se reunir com integrantes das tribos envolvidas numa briga, ocorrida sábado, que deixou o saldo de sete feridos.

Depois do conflito, índios xavantes expulsaram integrantes das tribos fulni-ô e articun da Casa do Índio, localizada em Sobradinho. Com 1.776 m², o centro tem capacidade para hospedar até 250 índios. Os xavantes, no entanto, dizem que os integrantes das duas tribos não podem ficar no local porque são mestiços. Os demais indígenas também reclamam dos xavantes: afirmam que eles bebem e são arruaceiros. Na noite de sábado, vários integrantes das tribos se armaram com paus, pedras e facas e iniciaram uma briga no local.

Dois xavante e cinco fulni-ô ficaram feridos no confronto. O caso mais grave foi o de Josiel Siqueira, da tribo fulni-ô, de Pernambuco. Ele recebeu sete facadas no braço e foi levado para o Hospital Regional de Sobradinho. O índio passa bem. O embate só terminou com a chegada da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

Representantes da Funai foram até o local e adiaram a resolução do problema para hoje.

Os índios Xydya Fulni-ô e Txleká Ôtxa Fulni-ô disseram que cerca de 80 integrantes da tribo estão acampados em frente à sede da Funai sem comida. Não sabemos o que fazer. Não temos sequer banheiro para levar as crianças, disse Xydya. O Correio tentou contato com o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, mas ele não foi localizado.

Protesto xavante

A briga entre os índios xavante e fulni-ô envolveu na semana passada o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Gomes. Na sexta-feira, os xavante se reuniram para apoiar o presidente do órgão contra manifestações de fulni-ô que pediam a sua demissão.

O cacique Aniceto, da Aldeia N.S. de Guadalupe, na Terra Indígena São Marcos (MT), afirmou que os xavante não estão satisfeitos com a ação dos fulni-ô e defendeu que a Funai não dê dinheiro para a tribo. O cacique Pio Tsowa-õ Orebewe, da terra Indígena Parabubure, do município de Campinápolis (MT), defendeu a permanência de Gomes. Ele deve ser demitido porque defendeu os índios e não os garimpeiros?, questionou, referindo-se ao conflito ocorrido em Rondônia, onde 29 garimpeiros foram assassinados por índios cinta-larga.

CB, 03/05/2004, Cidades, p. 18

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