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Índios escrevem sobre sua cultura

Diário da Amazônia-Porto Velho -RO
27 de Nov de 2001

Os coordenadores da quinta etapa do curso para professores indígenas decidiram prorrogar até o próximo sábado a Feira de Livros, aberta no final de semana, no hotel Rondon. A exposição conta com 36 publicações nas áreas de geografia, alfabetização e até calendário geográfico e agro-ambiental contendo receitas de remédios e comidas típicas como o "kükäi", uma espécie de tacacá indígena. O receituário indígena de remédios produzidos com ervas medicinais é vasto. Entre os mais conhecidos constam o chá da casca de laranja para curar dores de estômago, moela de mutum para congestão e do bico do tucano para febre e hepatite. Os livros serão utilizados pelos professores, principalmente na alfabetização dos silvícolas. A professora Márcia Spyer, da Universidade Federal de Minas Gerais, explicou que o método de ensino parte da organização e sistematização de todo conhecimento que os índios possuem sobre as diferentes estações do ano. Uma outra informação importante para o processo educativo é o início do ano no mês de maio para a maioria dos povos, como Zoró, Gavião, Cinta Larga, Nambiquara, Macurap e outros. A lingüista Maria do Socorro Pimentel lembra que um outro fator importante é o estudo das funções sociais do idioma de cada povo no processo de alfabetização, uma alternativa para preservação da língua materna. Nesse processo leva-se em consideração, por exemplo, os traços culturais e lingüísticos, inclusive artesanato. São funções sociais da língua a comunicação, a história indígena, uso cotidiano da língua, uso das especialidades da língua e língua da produção do saber com base no artesanato indígena, mito e aconselhamento, muito usados na organização dos rituais.

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