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Índios e não-índios comemoram a Semana das etnias no TO

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Lorena Karlla Barros
15 de Abr de 2003

Começa hoje a programação da Semana do Índio, pela fundação cultural, indo até dia 20, data máxima das comemorações; as etnias indígenas também fazem festas nas aldeias relembrando exóticos rituais

Os produtos resultantes do projeto Conhecendo e Preservando as Culturas Indígenas do Tocantins foram escolhidos para comemorar a Semana do Índio, cujo ponto alto da data é o Dia 19. Será exibido o vídeo-documentário, no Memorial da Coluna Prestes com duração de 1h15, e estará a disposição do público uma mostra de painéis que contam a história e a cultura das cinco etnias existentes e organizadas do Estado, os Karajá, Xerente, Apinajé, Krahô, Javaé. Os eventos são organizados pela Fundação Cultural do Estado e começam hoje.

A exibição do vídeo acontecerá em três períodos, pela manhã das 9 horas às 10h20, à tarde das 15 horas às 17h20, e à noite de 20 horas às 21h20. A TV Palmas também estará exibindo o vídeo às 18h30, de hoje até sexta.

O documentário Conhecendo e Preservando as Culturas Indígenas foi produzido entre os anos de 1998 e 1999, pela então diretoria de Cultura do Estado, sendo financiado pelo Ministério da Cultura. Em 2000, o trabalho foi vencedor do prêmio Rodrigo Melo Franco, dado pelo Ministério da Cultura aos melhores trabalhos de divulgação das culturas índigenas.

Os painéis estarão disponíveis a partir de hoje para a apreciação do público na sede da Fundação Cultural em Palmas, até o dia 30, nos horários das 9 às 12 horas, e das 14h30 às 18 horas. A exposição é monitorada por um funcionário da entidade, responsável por dar mais detalhes sobre os índios e o projeto.

Rituais
Enquanto isso, os índigenas já estão se preparando para festejar a data com rituais. A significação vai desde o fúnebre, ao batismo e o casamento, passando por celebração dos frutos que lhes são importantes. Segundo conta a assessora para Assuntos Indígenas da Fundação Cultural, Joana Euda Barbosa do Santos, entre os índios o Dia 19 - data escolhida em 1940 em um Congresso Internacional no México, pelos não-índios - acabou sendo impregnado como uma data comemorativa através da interferência constante em sua cultura. "Eles querem ser lembrados não somente nesse dia, e sim durante todo o ano", diz. A Fundação Cultural apoia a realização dessa festas nas aldeias.

Krahô
Na aldeia Krahô Rio Vermelho, no município de Goiatins, a 380 quilômetros de Palmas, o ritual de luto Parcahac chega ao fim hoje. A tradição do Parcahac é para despedir-se de um morto ilustre na comunidade. Os Krahô acreditam que o espírito ainda permanece entre os vivos durante um ano após a morte. Passado esse período o grupo se organiza para encaminhar o espírito ao descanso. O ritual também é feito pelos índios da aldeia Nova Krahô, da mesma região, entre os dias 19 e 25.

Passado o luto os Krahô iniciam hoje outro ritual, onde as crianças são batizadas e recebem seus nomes oficiais. O ritual vai até o dia 17, quando então a aldeia começa a festejar a união entre os casais. O ritual de casamento chama-se Partyjal Py, e nesse período acontece também a tradicional corrida da tora. Realizada ainda em outras aldeias ela é o símbolo da força dos homens.

Outro ritual realizado nessa época é o Tepe-tere, onde o intuito é celebrar as figuras do peixe e a lontra. As festas vão até o dia 19.

Entre os dias 16 e 25 a aldeia Cachoeira, localizada também nas imediações do município de Goiatins, promove a Festa da Cultura do Milho. Na festa muitos são os rituais, entre as danças e cânticos para celebrar a cultura do milho, a corrida da tora também é uma importante tradição.

Também em Goiatins, o povo Krahô na aldeia Pedra Branca começa no dia 19 o ritual pós-fúnebre Pemb'Kahac. O ritual se estende até o dia 25 e significa a despedida daquele povo ao seu maior líder, o guardião da "Machadinha Sagrada", Pedro Penon, morto no ano passado. Assim como o ritual Parcahac a intenção dos Krahô é que o espírito de Penon, o líder mais antigo do grupo, possa descansar em paz.

Xerente
A semana do Índio na aldeia Salto, no município de Tocantínia, a 80 quilômetros de Palmas, começa a ser comemorada de hoje até o dia 19. O povo Xerente realiza nesse período a festa do Padi, que em português significa Tamanduá. Na festa, 35 aldeias da Terra Indígena Xerente e Funil, fazem muitos rituais, cada um com seus significados. Mas toda a festa é voltada para a representação da origens dos Xerentes. A época é destinada a contar as histórias de sabedoria dos antepassados. Também acontecem batizados e cerimônias de passagem das crianças à idade adulta, corridas de tora, danças e casamentos.

Karajá
Na Ilha do Bananal, o povo Karajá também promove suas comemorações à Semana do Índio, elas começam no próximo dia 17 e vão até o dia 19. Ali as festas visam resgartar as antigas tradições, como por exemplo a dança Aruanã, com a qual os Karajá, os homens pedem proteção aos Aruanãs, que eles acreditam ser os espíritos trazidos pelo pajés do grande Berohoky (Rio Araguaia. O rito de passagem do menino Karajá a fase adulta, chama-se Hetohoky, e acontece também nesse período de comemorações.

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