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Índios do Xingu voltam às aldeias para discutir continuidade de pesquisas

Funai
05 de Mar de 2008

Um grupo de 76 indígenas xinguanos das etnias Kalapalo, Matipu, Kamayurá, Waurá, Kuikuro, Yawalapity e Ikpeng esteve reunido nos dias 28 e 29 de fevereiro, em Brasília, com a Fundação Nacional do Índio (Funai), para discutir o funcionamento da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Paranatinga II, entre os municípios de Campinápolis e Paranatinga (MT), próximo ao Parque Nacional do Xingu.

O encontro é resultado de negociações do presidente da Funai, Márcio Meira, para a liberação de 8 pesquisadores mantidos na aldeia por índios da etnia Ikpeng, em protesto contra o funcionamento da hidrelétrica. Eles alegam que a construção prejudica o abastecimento de água nas aldeias e a principal fonte de alimentação: os peixes do Rio Kuluene. "Kuluene é nosso rio. Na época de seca não podemos navegar, dá para atravessar a pé vários trechos do rio", conta o Cacique Awató Ikpeng, do Médio Xingu.

Para viabilizar a reunião, a Funai mobilizou uma aeronave para o deslocamento dos índios das aldeias do Alto, Médio e Baixo Xingu até o município de Canarana. Para chegar à Brasília foram fretados dois ônibus para o transporte do grupo. O assunto principal foi a permissão da continuidade nos estudos de impacto ambiental, em razão do funcionamento da PCH Paranatinga II, além de mais três outras hidrelétricas previstas.

O presidente-substituto da Funai, Aloysio Guapindaia, conduziu o encontro. "A Funai reconhece o direito indígena. Os estudiosos precisam terminar estas pesquisas para poder ter certeza do impacto. Espero que vocês (os índios) possam estar com a gente para manter este diálogo para proteger os povos indígenas", disse Guapindaia. O resultado dos estudos permitirá a discussão de medidas compensatórias e mitigatórias.

Os índios xinguanos retornaram no sábado (01/03) à Canarana e até terça-feira (04/03) todos chegaram em suas aldeias de origem. Os 76 guerreiros e lideranças discutirão com suas comunidades a presença ou não dos pesquisadores no Parque do Xingu para continuidade dos estudos. "Não somos contra o desenvolvimento do país. Mas se querem fazer obras próximo à Terra Indígena, consultem os índios. Somos a favor do desenvolvimento, mas respeitem os índios e os direitos dos índios", afirmou o Cacique Kumaré Txicão, da etnia Ikpeng.

Por solicitação dos guerreiros, também participaram da reunião representantes da Casa Civil, do Ministério da Justiça (MJ), do Ministério de Minas e Energia (MME), do Ministério do Meio Ambiente (MMA), do Ministério Público Federal (MPF) e do Governo do Mato Grosso, além do Deputado Federal Carlos Abicalil, membros da Empresa Paranatinga e do Instituto Creatio, do qual os pesquisadores fazem parte.

Viagem internacional

Márcio Meira, convidado pela Fundação Heinrich Boll, participou como palestrante na Conferência Internacional "Clima e Mudança na Amazônia", entre os dias 27 e 29 de fevereiro, em Berlim, na Alemanha. O encontro pretende dar novo impulso para as soluções políticas de preservação da floresta amazônica, sua biodiversidade, as reservas de água doce, a população nativa e o clima global. A Conferência conta com cerca de 250 participantes, entre representantes locais e colaboradores nacionais e internacionais. O presidente da Funai integrou o fórum "Reivindicações e posições das populações indígenas e tradicionais".

No mesmo período, Márcio Meira teve encontro com o Secretário de Estado Erich Stather, do Ministério Alemão de Cooperação Técnica e Desenvolvimento. Na oportunidade, pôde negociar a proposta de renovação do Acordo de Cooperação Técnica entre a Funai e a Agência Alemã de Cooperação Técnica (GTZ) para o Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da Amazônia Legal - PPTAL. O objetivo do projeto é melhorar a qualidade de vida das populações indígenas, promovendo a conservação dos recursos naturais por meio da demarcação das terras indígenas da Amazônia Legal e aplicação de projetos de proteção a essas áreas.

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