Diário de Cuiabá
09 de Jun de 2006
Índios do Xingu rejeitam negociações
As reuniões com autoridades do governo federal parecem não estar agradando os cerca de 120 índios xinguanos que estão em Brasília desde quarta-feira em busca de respostas sobre a demolição da usina Paranatinga II, construída às margens do rio Culuene, em Campinápolis. Uma das lideranças jovens do movimento, Pablo Kamaiura, disse ontem perceber que os órgãos querem prolongar os estudos para a comprovação de danos ambientais que podem ser causados pela hidrelétrica e sobre a definição da área considerada sagrada pelos indígenas, que para eles está localizada sob a obra.
"Nada vai nos convencer para que haja continuidade da obra. Temos convicção de que a área é sagrada, onde aconteceu o primeiro Kuarup [festa em homenagem aos antepassados], o que para nós é um desrespeito não ter sido levado isso em conta nos estudos já feitos. Enquanto isso, a resposta que a gente vem recebendo é de prorrogação dos estudos. Pra nós, não tem que haver mais estudo nenhum. A área é sagrada e não vamos aceitar compensação com outros projetos".
Na manhã de ontem, os índios do Xingu foram recebidos no Congresso Nacional, por membros da Câmara e do Senado que, segundo eles, mostraram-se solidários à causa. Já em matéria veiculada na Agência Brasil, o deputado Eduardo Valverde (PT-RO), que recebeu os índios, disse que a possibilidade da Câmara intervir é mínima. "O presidente (deputado Aldo Rabelo, do PC do B de São Paulo) disse ponderadamente que não tem como se posicionar. O que pode ser feito aqui na Câmara é a aceleração da aprovação do Estatuto dos Povos Indígenas".
À tarde, os índios estiveram no Ministério Público Federal, com a sub-procuradora geral, Déborah Macedo Duprat de Britto Pereira, a quem expuseram suas reivindicações, bem como aos representantes do Iphan.
Diário de Cuiabá, 09/06/2006
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