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Índios do Nordeste, Minas e Espírito Santo questionam trabalho da Funasa e do presidente da Funai

Radiobrás-Brasília-DF
Autor: Lana Cristina
10 de Jun de 2005

A Apoinme - Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e
Espírito Santo contesta a atuação do presidente da Funai - Fundação
Nacional do Indio, Mércio Pereira Gomes, e da Funasa - Fundação Nacional
de Saúde. Em sua VI Assembléia Geral, encerrada na quinta-feira (9), essas
moções de repúdio foram reunidas em um documento aprovado por unanimidade.

Segundo um dos coordenadores do encontro, Antônio Pessoa Gomes, conhecido
como Caboquinho Potiguara, a ata da assembléia será divulgada na Câmara
dos Deputados, nos ministérios, na Internet e será levada a organizações
não-governamentais ligadas à causa indígena.

"Ele (o presidente da Funai) desconhece o movimento indígena. A Funai gera
então conflito nas próprias comunidades com sua atuação equivocada", disse
Caboquinho Potiguara, que é cacique do povo de nome homônimo. Os potiguara
formam uma comunidade de 12 mil índios que vivem na Paraíba.

A Apoinme reiterou seu apoio a uma proposta, entregue ao governo em abril,
de criação do Conselho Nacional de Políticas Indígenas e da Secretaria de
Assuntos Indígenas, no âmbito da presidência da República. "Seria um meio
de fortalecer o trabalho da Funai, além de o governo melhor trabalhar
junto aos índios", observou o cacique.

A Apoinme registrou também, em sua sexta assembléia, seu repúdio contra a
integração do rio São Francisco às bacias setentrionais. "Esse projeto
seria o fim do rio e das comunidades que vivem dele", afirmou.

Os temas que tiveram destaque no encontro foram a presença da mulher
indígena na sociedade brasileira, saúde e educação. Segundo o cacique
potiguara, foi unânime a constatação de que a mulher indígena é duplamente
vítima de preconceito. "Primeiro é a questão de gênero, por ser mulher, e,
segundo, ela é discriminada por sua etnia", disse.

Os índios que integram a Apoinme se queixam, ainda, do atendimento
prestado pela Funasa. São 45 povos indígenas no eixo Nordeste, Minas
Gerais e Espírito - um total de 115 mil índios. "A maioria não tem
assistência na saúde. Deveria haver uma equipe permanente", conta
Caboquinho Potiguara. Eles pedem ainda uma equipe multidisciplinar que use
homeopatia.

Na área da educação, a Apoinme defende que os índios assumam a educação de
suas comunidades e que o governo crie um programa de bolsas de estudo para
ajudar no custeio de cursos superiores. Eles reivindicam transporte para
crianças que cursam o ensino fundamental e que os professores se desloquem
até às comunidades. "Há casos de alunos que estudam a 15 quilômetros de
sua aldeia. Durante as chuvas, ninguém dá aula", informa o cacique. A
Apoinme ainda deliberou contra o sistema de cotas para privilegiar a etnia
no acesso ao ensino superior.

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