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Índios cuicuros são co-autores de pesquisa

Folha de S. Paulo-São Paulo-SP
19 de Set de 2003

Caso os nomes Afukaká Kuikuro e Tabata Kuikuro sejam procurados na Plataforma Lattes (lattes.cnpq.br) -onde está a maior base de currículos científicos do Brasil-, não serão encontrados. Nem lá, nem em nenhum outro banco de dados semelhante do planeta. Eles não têm doutorado, nem mesmo estudo formal.
No entanto, os dois índios cuicuros assinam um artigo para uma revista na qual dez entre dez pesquisadores do mundo gostariam de publicar seus estudos. Eles são chefes da tribo cuicuro, da região sul do Parque Indígena do Xingu (PIX), formado por uma dúzia de aldeias e dez grupos distintos.
Heckenberger, Fausto e a linguista Bruna Franchetto (outra autora do estudo) dizem que a presença dos chefes na lista de autores é mais do que simples reconhecimento do saber nativo. "Sem eles, não seria possível fazer o trabalho e escrever o artigo", resume Heckenberger.
"Não é paternalismo tolo", afirma. "Foi Tabata, por exemplo, quem acompanhou o mapeamento das estradas que interligavam os sítios e se tornou um mestre em achá-las", diz Fausto.
Segundo Franchetto, os dois chefes cuicuros estão entusiasmados com a pesquisa. "Eles estão vendo aflorar um conhecimento sobre a tradição deles."
A pesquisa reúne a Universidade da Flórida, o Instituto Max Planck (Alemanha), o Museu Nacional, o Museu Paraense Emílio Goeldi e a Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (Aikax). Tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). (CLV)

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